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Sanders reavalia campanha

Com derrotas consecutivas nas primárias democratas, Sanders decide discutir a pré-candidatura com a equipe. Seu adversário, o ex-vice-presidente Joe Biden, com vantagem consolidada, conta com mais da metade dos delegados necessários para ser o rival do presidente




Após sofrer uma tripla derrota para o ex-vice-presidente Joe Biden na rodada de terça-feira das primárias democratas, o senador Bernie Sanders se reuniu com assessores para discutir o futuro da campanha, mas voltou a dizer que continua na disputa para ser o adversário do presidente Donald Trump nas eleições de 3 de novembro. “Como eu disse, estamos avaliando o estado de nossa campanha, não haverá eleições por mais três semanas”, disse o senador por Vermont à CNN.

“Estamos conversando com nossos apoiadores. Qualquer um que sugerir que, neste momento, estamos encerrando a campanha, não está dizendo a verdade”, assegurou o pré-candidato. No entanto, durante a entrevista, realizada ontem, ele não respondeu a perguntas sobre se tem um prazo para tomar uma decisão ou se acha que ainda há um caminho para ganhar a indicação democrata.

Já o diretor da campanha, Faiz Shakir, afirmou, por meio de um comunicado, que até a próxima rodada de primárias, Sanders estará “concentrado em avaliar a resposta das autoridades à epidemia de coronavírus e assegurar que cuidamos dos trabalhadores e dos mais vulneráveis”.

O congressista, de 78 anos, que se define como “socialista democrático”, sofreu consecutivas derrotas para o rival nas últimas semanas. Na terça-feira, Biden, 77, ex-vice de Barack Obama e pertencente à ala moderada do partido, venceu nos três estados que organizaram votações: Arizona, Illinois e Flórida. Em Ohio, o governador Mike DeWine declarou “emergência de saúde” e adiou a primária diante do avanço do coronavírus, que já provocou mais de 100 mortes nos Estados Unidos.

Com 87% dos votos apurados na Flórida, Biden obtinha 61%, contra 22% para Sanders. Os meios de comunicação também apontaram vitória nos outros dois estados. Segundo o The New York Times, após a apuração de 58% dos votos, Biden derrotava Sanders no Arizona por 42,6% contra 30,3%. “Obrigado, Flórida!”, “Obrigado, Illinois!”, tuitou o ex-vice.

Antes das votações da última terça-feira, Biden já vinha de uma vitória no estado de Washington, que celebrou primárias na semana passada, por uma estreita margem de 37,9% contra 36,4% para Sanders.

Favoritismo
Essa sequência de triunfos consolida uma vantagem quase insuperável para que Biden conquiste a candidatura democrata para as eleições presidenciais de novembro. Ele conta com mais da metade dos 1.991 delegados necessários para ganhar a indicação na convenção partidária de julho. Segundo a maioria das pesquisas nacionais, o ex-vice está quase 20 pontos à frente do rival.

Em um discurso dedicado, em grande parte, à crise da Covid-19, o ex-vice-presidente americano afirmou que deseja “unir o partido após uma ótima noite”. Ele também reservou palavras para os jovens inspirados pela mensagem de Sanders: “Eu escuto vocês, sei o que está em jogo, sei o que temos que fazer”.

“Sanders e eu não concordamos na tática, mas compartilhamos a mesma visão: prover saúde pública acessível para todos os americanos, reduzir a desigualdade de renda que aumentou tão drasticamente e enfrentar a ameaça existencial de nosso tempo, a mudança climática”, declarou.

Famoso por suas gafes, Biden teve um bom desempenho no debate democrata de domingo, impedindo que Sanders conseguisse recuperar a liderança.

Durante o embate, Biden anunciou que deve escolher uma mulher como candidata a vice-presidente, o que deve ajudar a reunir apoio suficiente entre os democratas que ficaram decepcionados com o fato de que um grupo recorde de pré-candidatos, que reunia uma grande diversidade, terminou com dois homens brancos septuagenários.



"Qualquer um que sugerir que, neste momento, estamos encerrando a campanha, não está dizendo a verdade”

Bernie Sanders, senador por Vermont