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Ex-governador é encarregado de formar governo no Iraque

Desde que o governo renunciou, o Iraque está mergulhado numa crise política, enfrenta um movimento de contestação sem precedentes e as tensões entre os americanos e iranianos

Bagdá, Iraque - O presidente Barham Saleh instruiu nesta terça-feira (17/3) o ex-governador da cidade sagrada xiita de Najaf, Adnane Zorfi, a formar um governo no Iraque, onde novos foguetes visaram tropas estrangeiras.

Desde que o governo renunciou em dezembro, o Iraque, o segundo produtor da Opep, está mergulhado numa crise política, enfrenta um movimento de contestação sem precedentes e as tensões entre os americanos e iranianos, seus dois grandes aliados. Um primeiro candidato, Mohammed Allawi, havia sido indicado para formar o governo, mas desistiu diante da divisão do Parlamento.

Zorfi, de 54 anos, terá agora 30 dias para formar um gabinete, que deverá ser aceito pelo Parlamento, para depois organizar eleições antecipadas. Sinal de que a confiança do Parlamento está longe de ser adquirida, o segundo bloco parlamentar, dos paramilitares pró-Irã da Hachd al-Shaabi, denunciou a nomeação de Zorfi como "inconstitucional". O bloco pró-Irã prometeu "fazer de tudo para impedir esse ato ilegal".
 
Sinal de que a confiança do Parlamento está longe de ser adquirida, o segundo bloco parlamentar, dos paramilitares pró-Irã da Hachd al-Shaabi, denunciou a nomeação de Zorfi como "inconstitucional". O bloco pró-Irã prometeu "fazer de tudo para impedir esse ato ilegal".

Ex-membro do partido Daawa, oposição xiita histórica ao ditador Saddam Hussein, Zorfi integra a lista do ex-primeiro-ministro Haider al-Abadi, fortemente criticado pela repressão e pela violência que acompanhou as manifestações inciadas em outubro. Segundo um alto funcionário do governo, sua margem de manobra é limitada. 

Ex-membro do partido Daawa, oposição xiita histórica ao ditador Saddam Hussein, Zorfi integra a lista do ex-primeiro-ministro Haider al-Abadi, fortemente criticado pela repressão e pela violência que acompanhou as manifestações inciadas em outubro. Segundo um alto funcionário do governo, sua margem de manobra é limitada.

Os políticos que concordaram com seu nome querem "uma personalidade que não esteja em confronto para que não faça nada" que possa perturbar a ordem estabelecida no décimo sexto país mais corrupto do mundo, disse à AFP sob condição de anonimato. Entre as principais questões que o aguardam, está a presença das tropas americanas no Iraque, onde a influência do Irã é muito importante.

Após a morte do poderoso general iraniano Qassem Soleimani, enviado de Teerã no Iraque, morto em um ataque americano em janeiro em Bagdá, a maioria xiita do Parlamento exigiu a expulsão das tropas estrangeiras lideradas por Washington presentes desde 2014 para combater o grupo Estado Islâmico (EI).

Desde então, os ataques com foguetes contra bases que abrigam tropas da coalizão internacional foram retomados. Na madrugada desta terça-feira, vários foguetes caíram na base de Basmaya, ao sul de Bagdá, onde estão mobilizadas tropas da coalizão internacional e da Otan.

É a 24ª vez que essas forças são atacadas em quase seis meses. A Otan disse à AFP que não houve mortos nem feridos. Nenhum dos ataques foi reivindicado, mas Washington acusa as brigadas do Hezbollah, uma das facções pró-Irã mais radicais do país, de estarem por trás dos disparos, e Bagdá de não fazer nada para detê-los.