O epidemiologista Zhong Nanshan, 83 anos, que liderou a luta contra a Sars em 2003, disse ontem que, se os países levarem a Covid-19 a sério e “tomarem medidas firmes”, a pandemia pode terminar em poucos meses. Contudo, ele deixou claro que isso só ocorrerá se houver esforços mundiais. “Meu conselho é que todos sigam as instruções da OMS. Se todos os países se mobilizarem, ela pode acabar em junho. Mas minha estimativa de junho é baseada em cenários em que todos os países tomem medidas positivas. Se alguns não levarem a sério, vai durar mais.”
Nanshan lembrou que os coronavírus geralmente ficam menos ativos no calor, o que poderá ajudar a frear o contágio no Hemisfério Norte, onde o rigoroso inverno está prestes a acabar. No fim de fevereiro, o epidemiologista se envolveu em uma polêmica ao declarar a uma emissora chinesa que a epidemia poderia não ter iniciado na China. Ele foi imediatamente contestado por outros cientistas, com base nos registros epidemiológicos mundiais.
Adotando um mesmo discurso de importância da cooperação entre os países, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, um dia depois de declarar que o mundo enfrenta uma pandemia do novo coronavírus, afirmou que a situação é controlável. “Mas precisamos de maior vigilância para identificar, isolar, diagnosticar e tratar cada caso e romper a cadeia de transmissão”, completou, antes de reconhecer preocupação porque “alguns países não estão enfrentando a ameaça com o compromisso político necessário”.
Na China, considerada berço da epidemia, a Covid já atingiu o pico, segundo a Comissão Nacional de Saúde do país. Ontem, foram registrados 15 casos. Ao menos 130 mil casos e 4.900 mortes foram registrados em 116 países e territórios.