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Dados genéticos são compartilhados



A fim de entender melhor como a Covid-19 se espalhou tão rapidamente pelo planeta, um grupo de cientistas internacionais sequenciou o genoma de 259 amostras do coronavírus causador da doença e compartilhou as informações por meio de uma plataforma on-line. O projeto, chamado Nextstrain, foi construído para analisar outros patógenos, mas recebeu adaptações para ser usado no monitoramento da atual pandemia.

A plataforma, que funciona por meio de um painel de internet, foi criado sob a liderança de Richard Neher, biólogo evolucionário da Universidade de Basileia, na Suíça. O pesquisador e seus colegas queriam monitorar mudanças na composição genética da gripe para testar se os dados ajudariam no desenvolvimento de  vacinas mais eficazes. Eles desenvolveram uma interface digital que integrou os dados mais recentes de sequenciamento viral da gripe, e os resultados foram publicados em um navegador interativo disponível ao público. “Então pensamos, por que apenas a gripe, por que não outros vírus?”, conta Neher, em um comunicado.

Com a plataforma adaptada, é possível traçar as linhagens virais em mapas mundiais para observar, em tempo quase real, como o novo coronavírus se move dos principais pontos de foco da doença para todo o mundo. “Contamos com a presença dessas mutações genéticas que ocorrem naturalmente para informar nossas visualizações da propagação do vírus”, resumem os criadores.

Brasil

Quando surgem novos casos, o código genético das amostras virais pode ser comparado aos do banco de dados, permitindo, assim, determinar sua região de origem. As análises já revelaram conexão de casos da Covid-19 na Austrália com registros no Irã. Também mostraram que algumas linhagens foram exportadas da Europa de volta para o território asiático.

Entre as amostras genéticas usadas estão os dois primeiros registrados no Brasil, mapeados por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com cientistas do Instituto Adolfo Lutz. Os criadores da ferramenta  pretendem ampliar o número de amostras analisadas para gerar ainda mais informações que possam contribuir para o combate da doença. “Esse tipo de análise, chamada epidemiologia genômica, é extremamente valiosa para a saúde pública”, destacou James Hadfield, cientista computacional do Nextstrain.