"Os primeiros resultados foram obtidos estabilizando a situação e mudando a tendência em Wuhan e em Hubei", onde 56 milhões de habitantes estão em quarentena desde o fim de janeiro, afirmou Xi, citado pela agência estatal Xinhua.
A visita de Xi Jinping coincide com o anúncio dos números do ministério da Saúde nesta terça-feira (10/3), de apenas 19 casos novos nas últimas 24 horas. O número representa uma queda espetacular na comparação com as centenas de contaminações diárias durante o mês de fevereiro, uma demonstração de que as drásticas medidas adotadas pela China estão dando resultado.
Xi Jinping, de máscara, chegou na manhã desta terça-feira a Wuhan e depois visitou o hospital de Huoshenshan, que foi construído em apenas 10 dias para enfrentar a epidemia, informou o canal estatal CCTV. De acordo com imagens divulgadas pela Xinhua, Xi conversou com pacientes e médicos por videoconferência.
Também visitou um bairro residencial de Wuhan para conversas com moradores em quarentena e com agentes responsáveis por aplicar as medidas de prevenção. "Não devemos reduzir o esforço", frisou o presidente.
Críticas na Internet
"No auge da epidemia, Xi evitou visitar o epicentro, porque não queria ser criticado", declarou à AFP Bruce Lui, professor na Universidade Batista de Hong Kong. "Mas agora a situação melhorou e faz a visita para receber elogios", completou.
O novo coronavírus surgiu em dezembro em Wuhan, antes da propagação para a província de Hubei (centro) e depois para o restante do país e do planeta. Em janeiro, a China adotou medidas drásticas. Muitas cidades de Hubei foram isoladas e, no restante do país, milhões de pessoas foram colocadas em quarentena preventiva.
As autoridades anunciaram hoje que a maioria das pessoas não contaminadas e que não estiveram em contato com os doentes agora pode viajar dentro da província. A flexibilização parcial do confinamento não afeta a cidade de Wuhan. Assim, em princípio, os 56 milhões de habitantes de Hubei não podem deixar a província, informou o governo local nesta terça-feira.
Apesar da aprovação às medidas por parte da população, o governo foi criticado pela reação inicial lenta e pela detenção de pessoas críticas, acusadas de propagarem boatos. A morte do médico Li Wenliang, que denunciou a existência do coronavírus e foi vítima da doença em fevereiro, provocou muitas críticas ao regime e, inclusive, pedidos de liberdade de expressão.
A viagem de Xi Jinping acontece poucos dias depois da principal autoridade da cidade ter afirmado que os moradores deveriam expressar "gratidão" ao Partido Comunista pela gestão da crise, o que provocou piadas dos internautas. A cidade já havia recebido as visitas do primeiro-ministro Li Keqiang e da vice-primeira-ministra Sun Chunlan.
"A visita de Xi Jinping em Wuhan está organizada para significar que a epidemia está sob controle", declarou à AFP Hua Po, um analista político independente de Pequim. "Sua visita serve para voltar a mobilizar a população e para demonstrar que é o momento de retomar uma vida normal e o trabalho", completa.
Em Wuhan, vários sinais apontam a normalização. Quatorze dos 16 hospitais de campanha estão fechados, os funcionários do aeroporto voltaram a trabalhar, e o número de novos casos diários registra queda há várias semanas.