O grupo extremista Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria de um ataque que deixou pelo menos 29 mortos e mais de 60 feridos durante um evento político em Cabul, a capital do Afeganistão. Os talibãs, que nos últimos dias promoveram inúmeras ofensivas no país, negaram qualquer responsabilidade no atentado.
Em comunicado divulgado no aplicativo de mensagens Telegram, o EI anunciou que dois de seus integrantes promoveram a investida, realizada contra uma cerimônia em memória de Abdul Ali Mazari, um político da minoria hazara. Seus membros são majoritariamente xiitas, em um Afeganistão amplamente sunita.
“Dois irmãos... atacaram uma reunião de apóstatas em Cabul com metralhadoras, granadas e lança-granadas”, informaram os extremistas. No ano passado, um ataque que teria sido cometido com disparos de morteiro pelo EI nessa mesma cerimônia deixou ao menos 11 mortos.
Desta vez, os disparos tiveram origem em uma obra em construção próxima ao evento, informou o porta-voz do Ministério, Nasrat Rahimi. Trata-se do primeiro atentado na capital afegã desde a assinatura do acordo entre os talibãs e os Estados Unidos, sábado passado, em Doha.
Fotos nas redes sociais mostravam corpos alinhados no chão, alguns deles com um pano que cobria o rosto da vítima. Vários integrantes da elite política afegã estavam presentes, entre eles o primeiro-ministro Abdullah Abdullah, que afirma ter vencido a eleição presidencial de setembro, apesar de o resultado oficial mostrar sua derrota.
“Estávamos no meio da cerimônia quando, de repente, ouvimos disparos”, contou Mohammad Mohaqiq, o mais conhecido dos políticos hazara e próximo a Abdullah Abdullah, em entrevista à emissora Tolonews. Também estavam lá, o ex-presidente Hamid Karzai e o ex-primeiro-ministro Salahuddin Rabbani, que deixaram o local um pouco antes.
Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu a hipótese de que os talibãs retomem o poder no Afeganistão após a retirada das tropas americanas. “É uma possibilidade”, disse.