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Apelo para salvar acordo com o Talibã



Os Estados Unidos pediram o fim da violência no Afeganistão ante o risco de fracasso do acordo histórico firmado com o Talibã no último sábado, em Doha. Na quarta-feira, tropas americanas bombardearam combatentes do grupo rebelde que haviam atacado forças de segurança afegãs. No apelo feito ontem, o governo de Donald Trump pregou a superação dos obstáculos para o sucesso das negociações de paz.

O acordo, que não foi ratificado pelo governo afegão, prevê que as forças americanas e estrangeiras iniciem de imediato a retirada progressiva do país asiático, em um processo a ser concluído em até 14 meses. Em troca, o compromisso dos talibãs com o antiterrorismo e o diálogo com o governo de Cabul.

Na terça-feira, o presidente Donald Trump falou por telefone com o chefe político do Talibã, Abdul Ghani Baradar, e até se vangloriou de ter uma “boa relação” com ele. Entretanto, num intervalo de 24 horas, Cabul e outras cidades afegãs foram alvo de 30 ataques talibãs, nos quais quatro civis e 11 integrantes das forças de segurança morreram. A ofensiva foi respondida por bombardeios americanos, clasificados por Washington como defensivos.

Apesar da piora da situação, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reafirmou a confiança nos chefes do grupo extremista retirado do poder em 2001 por Washington, depois que se negou a romper com a Al-Qaeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro. Porém ele fez questão de condenar as agressões dos rebeldes.

“O aumento da violência nas zonas do Afeganistão nos últimos dois dias é inaceitável”, disse, durante coletiva de imprensa no Departamento de Estado. “A violência deve cessar de imediato para que o acordo de paz possa avançar”.

O principal obstáculo para o diálogo interafegão é a libertação de prisioneiros, prevista no acordo. O documento indica que, antes de 10 de março, deve ocorrer uma troca que pode incluir até cinco mil rebeldes detidos por Cabul e mil prisioneiros mantidos pelos rebeldes. O presidente afegão, Ashraf Ghani, recusou qualquer possível libertação no último domingo, antes de se sentar à mesa para negociar com o Talibã.