As florestas tropicais estão perdendo sua capacidade de absorção de CO2 e a Floresta Amazônica pode até produzir mais do que captura nos próximos 15 anos, alerta um estudo publicado nesta quarta-feira (4) na revista científica Nature.
Essas conclusões devem levar a medidas mais rigorosas em termos de emissões de CO2, de modo que a humanidade expulse menos dióxido de carbono, se quiser cumprir os objetivos do Acordo de Paris, que limita o aumento da temperatura média global a menos de 2°C , de acordo com os autores do estudo.
Atualmente, 50% da capacidade de absorção de dióxido de carbono recai sobre florestas tropicais, mas estas estariam próximas da saturação, principalmente devido ao aumento de emissões causadas por seres humanos.
A capacidade das florestas de capturar CO2 na atmosfera através da fotossíntese também está sendo dificultada pelo desaparecimento de árvores, seja em incêndios, secas ou desmatamento.
Essa capacidade está caindo muito mais rápido na Amazônia do que nas florestas da África Subsaariana.
Uma equipe de dezenas de pesquisadores, na Europa e na África, observou o crescimento de árvores e sua mortalidade por 50 anos nas florestas tropicais africanas e comparou os dados com os da Floresta Amazônica.
Eles descobriram que, embora houvesse algum crescimento florestal devido ao aumento dos níveis de CO2 (as árvores crescem mais rapidamente em ambientes ricos em carbono), essa absorção de carbono foi anulada pela perda de floresta causada por secas e picos de temperatura.
Ao extrapolar os dados para os próximos 20 anos, de acordo com o estudo, a capacidade das florestas africanas de absorver carbono será reduzida em 14% até 2030, e a da Floresta Amazônica cairá a zero antes de 2035.
"Esse declínio ocorre décadas antes das previsões mais pessimistas", disse Wannes Hubau, especialista em ecossistemas florestais do Museu Real da África Central, em Bruxelas.
"A mortalidade é um estágio natural do ciclo de vida das árvores da floresta. Mas, ao expelir tanto CO2 no ar, aceleramos esse ciclo", disse ele à AFP.
"Teremos que revisar nossos modelos climáticos, mas também estratégias de compensação baseadas nesses modelos", acrescentou Hubau, referindo-se a medidas como plantar árvores para compensar as emissões de CO2.
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