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Erdogan quer trégua na Síria e acentua pressão sobre a Europa

O pedido será feito pelo chefe de Estado turco durante uma reunião com seu colega russo Vladimir Putin na próxima quinta-feira

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou nesta segunda-feira (02/3) que exigirá um cessar-fogo na Síria durante uma reunião com seu colega russo Vladimir Putin, e aumentou a pressão sobre os europeus dizendo que "milhões" de migrantes se dirigirão "em breve" à Europa.

O chefe de Estado turco viaja a Moscou na quinta-feira para conversar com o presidente russo sobre a Síria, num momento de grande tensão na província de Idlib (noroeste), com intensos combates e uma catástrofe humanitária.

Após semanas de escalada na região, a Turquia anunciou no domingo que lançou uma grande ofensiva contra o regime de Bashar al-Assad, apoiado por Moscou, derrubando dois de seus aviões e infligindo pesadas perdas às suas tropas.

"Vou a Moscou e discutirei os acontecimentos (na Síria) com Putin. Espero que ele tome as medidas necessárias, como o cessar-fogo, e que encontremos uma solução para esse assunto", afirmou em discurso em Ancara.

Com o objetivo de obter mais apoio ocidental, a Turquia anunciou na semana passada a abertura de suas fronteiras com a Europa para permitir a passagem dos migrantes em seu território.

"Desde que abrimos nossas fronteiras (sexta-feira), o número de pessoas se dirigindo para a Europa atingiu centenas de milhares. Em breve, esse número será expresso em milhões", afirmou Erdogan nesta segunda-feira.

Em resposta, um porta-voz do governo alemão afirmou que a UE espera que a Turquia respeite o acordo migratório e considerou que qualquer diferença deve ser resolvida por meio de discussões. A Europa teme uma crise migratória semelhante a de 2015.

"As portas estão abertas. Vocês terão agora que carregar sua parte do fardo", ressaltou Erdogan.

"Grande importância"
 
Enquanto o encontro entre Erdogan e Putin se anuncia tenso, o Kremlin enfatizou nesta segunda-feira a "grande importância" da cooperação entre Ancara e Moscou na Síria.

A Turquia apoia certos grupos rebeldes e a Rússia apoia o regime de Assad. Mas, apesar de seus interesses divergentes, os dois países reforçaram sua parceria nos últimos anos.

O relacionamento, no entanto, desgastou-se desde que o regime lançou uma ofensiva em meados de dezembro, apoiada pela força aérea russa, para retomar a província de Idlib, última fortaleza rebelde e jihadista na Síria. 

Na semana passada, mais de 30 soldados turcos foram mortos em ataques aéreos atribuídos por Ancara ao regime sírio. Em resposta, a Turquia anunciou no domingo o lançamento da operação "Escudo da Primavera" e intensificou os ataques com drones contra posições sírias, causando grandes perdas às tropas de Damasco.

Nesta segunda-feira, o governo sírio declarou estar decidido a repelir "a flagrante agressão turca", segundo uma fonte do ministério das Relações Exteriores, citada pela agência SANA.

No campo de batalha, os combates se concentram na cidade estratégica de Saraqeb, que mudou de mãos várias vezes nas últimas semanas.

De acordo com a SANA, as tropas do regime entraram na cidade nesta segunda, apoiadas pela força aérea russa.

A ofensiva do regime em Idlib provocou uma grave crise humanitária, deslocando quase um milhão de pessoas. Um êxodo inédito em tão pouco tempo desde o início do conflito na Síria que, desde 2011, deixou mais de 380.000 mortos.