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OMS cobra transparência

Diretor-geral da agência das Nações Unidas afirma que países estão retendo informações sobre o contágio, limitando o enfrentamento ao Covid-19. Número de infecções no exterior supera o registrado em território chinês, epicentro da doença




Atento ao avanço do coronavírus pelos continentes, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghereyesys, cobrou ontem da comunidade internacional transparência sobre os contágios. “Um dos maiores desafios que enfrentamos é o fato de que muitos países afetados ainda não estão compartilhando seus dados com a OMS”, lamentou, acrescentando: “Peço a todos os países que compartilhem imediatamente todas as suas informações.”

O chefe da agência das Nações Unidas não mencionou qualquer país especificamente. Ele assinalou que a OMS mantém contato permanente com os governos para acompanhar a situação, mas destacou que o organismo fica com a ação limitada sem saber o cenário real. “Não podemos fornecer recomendações de saúde adequadas sem dados detalhados ou listas com informações completas sobre pacientes afetados”, observou, em reunião para tratar da epidemia.

Em 24 horas, entre terça-feira e ontem de manhã, seis países confirmaram os primeiros casos de infecção, inclusive o Brasil. Nesse mesmo intervalo, os diagnósticos na Coreia do Sul ultrapassaram 1,1 mil, o número de mortes no Irã chegou a 15 e a epidemia se espalha rapidamente pela Europa, apesar das medidas de prevenção. Autoridades de saúde confirmaram a morte, em Paris, do primeiro francês vítima da Covid-19.

Recuo na China
Ao mesmo tempo, os números parecem melhorar na China continental, onde o vírus surgiu no fim do ano passado. As autoridades comunicaram que 52 pessoas morreram nas últimas 24 horas, contra 71 na terça. É o menor número em três semanas. O registro de novos casos também diminuiu. Até a noite de ontem, foram 2.178 mortos e outros 78 mil contaminados no gigante asiático.

Segundo Adhanom Ghebreyesus, na terça-feira, o número diário de novas pessoas contaminadas pelo coronavírus no mundo ultrapassou, pela primeira vez, o registrado na China continental: 411 novos casos no país e 427 casos no exterior.

Ele voltou a alertar para os riscos de uma pandemia. A OMS está preocupada com o curso que a epidemia está tomando, sobretudo em relação aos países pobres, mal equipados para prevenir, diagnosticar e tratar o novo vírus.

O chefe da missão da agência na China, Bruce Aylward alertou para o despreparo dos países para lidar com o aumento de casos da doença. “Deve-se estar preparado para administrar isso em larga escala e isso deve ser feito rapidamente”, advertiu.

Fora do território chinês, a doença afeta mais de 40 países. O governo do Paquistão, país fronteiriço com a China e o Irã, que tem o maior número de mortos pelo novo coronavírus, anunciou ontem seus dois primeiros casos do Covid-19. A Geórgia também anunciou seu primeiro caso, de um homem que voltou de viagem ao Irã.

Na África, um italiano que chegou à Argélia em 17 de fevereiro se tornou o segundo caso confirmado no continente. A Itália é a grande preocupação na Europa, com 400 pessoas contaminadas, a maioria no norte, além de 12 mortos. A imensa maioria dos casos registrados nas últimas horas em diversos países europeus tem relação com o foco italiano.