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Da guerra à visão de futuro

Embaixador do Kwait destaca "crescimento notável" na cooperação bilateral com o Brasil no ano passado e reforça o interesse do país em realizar novos investimentos


Amanhã, o Kuwait comemora o 59º aniversário de sua data nacional — que marca a ascensão ao trono do xeque Abdullah Al-Salim Al-Sabah. No dia seguinte, recorda os 29 anos da libertação das tropas iraquianas de Saddam Hussein, que invadiram o país, em 2 de agosto de 1990, e foram derrotadas pelos Estados Unidos, em 26 de fevereiro de 1991. As celebrações começaram com antecipação, durante evento para 500 convidados, na semana passada, promovido pela Embaixada do Kuwait em Brasília. Em entrevista ao Correio, o embaixador Nasser Riden AlMotairi afirmou que a cooperação bilateral entre seu país e o Brasil alcançou “crescimento notável” no ano passado, com visitas de autoridades brasileiras à Cidade do Kuwait. De acordo com o diplomata, uma delegação de parlamentares kuwaitianos também virá ao Brasil no próximo mês. AlMotairi disse que o país tem “séria intenção de investir nas áreas da infraestrutura, energia e segurança alimentar” no Brasil. Ele acredita que a cooperação tem potencial de ampliação com o Fórum Econômico Árabe-Brasileiro, em abril. AlMutairi destacou que, três décadas depois da invasão iraquiana, o país experimenta um grande avanço, especialmente na saúde e na educação. Segundo o embaixador, o Kuwait trabalha com sete pilares de desenvolvimento, a fim de atingir transformações profundas até 2035.



Como o senhor avalia as relações bilaterais entre o Estado do Kuwait e o Brasil na área de cooperação?

As relações entre o Estado do Kuwait e a República Federativa do Brasil são distintas em todas as áreas. No campo político, por exemplo, elas se caracterizam por muitos aspectos em comum nas posições dos dois países, que são regidas pelo respeito das resoluções da ONU e a implementação das recomendações dos organismos internacionais relacionados. Estamos empenhados em fortalecer e consolidar essas relações, especialmente no campo econômico e de investimentos, dado o grande potencial que o Brasil tem.

Esse intercâmbio entre os dois países tem ocorrido de que maneira?
As relações bilaterais testemunharam um crescimento notável durante o ano passado, com a troca de visitas oficiais entre os dois países. Citamos, por exemplo, a visita da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a senhora Teresa Cristina, e a visita do presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o deputado Eduardo Bolsonaro. Espera-se, durante este ano, uma visita do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Jair Bolsonaro ao Kuwait. Durante o mês de março deste ano, uma delegação parlamentar kuwaitiana visitará o Brasil no âmbito do Grupo Parlamentar de Amizade Kuwait-Brasil. E também será realizada, no mês de abril, a segunda reunião de Consultas Políticas da Comissão Mista entre os dois países. Além disso, a embaixada emitiu um selo postal em comemoração dos 51 anos de relações diplomáticas Brasil-Kuwait e organizou também, em dezembro passado, a Semana Cultural Kuwaitiana na cidade de São Paulo, que registrou uma grande interação com o público brasileiro.

Em quais outras áreas a cooperação entre os dois países pode ser fortalecida?
No âmbito da política anunciada pelo presidente Bolsonaro, que se baseia na aprovação de novas legislações para incentivar o investimento estrangeiro no Brasil, o Estado do Kuwait tem uma séria intenção de investir nas áreas de infraestrutura, energia e segurança alimentar. Nesse contexto, o Fundo Kuwaitiano para o Desenvolvimento Econômico Árabe e a Autoridade Geral de Investimentos pode desempenhar um papel importante nesse campo, o que refletirá positivamente nas relações entre o Kuwait e o Brasil. Isso, sem esquecer o papel fundamental do setor privado.

Há oportunidades imediatas de ampliação da parceria?
Sim, o Fórum Econômico Árabe-Brasileiro, que será realizado em abril, será uma grande oportunidade apropriada para ampliar a cooperação com o Brasil, principalmente no campo comercial e de investimentos. Há também outra oportunidade de cooperação com o Brasil no campo militar, dada a sua grande reputação em nível internacional na área das indústrias militares.

Quais são as mudanças que o Kuwait introduziu após a Guerra do Golfo e a libertação das tropas de Saddam Hussein?

Os investimentos do Kuwait no exterior, administrados pela Autoridade Geral de Investimentos por meio de suas enormes receitas, contribuíram para a aceleração da construção do moderno Estado do Kuwait após as grandes perdas materiais sofridas durante a invasão iraquiana. Agora, 30 anos após a invasão, o Estado do Kuwait está testemunhando um grande avanço em várias áreas, especialmente na educação e na saúde. No entanto, o mais importante é aquele que se baseia na construção do indivíduo kuwaitiano para alcançar a prosperidade, fornecendo todos os elementos para uma vida decente, mencionando, ainda, o estabelecimento de um Estado democrático, no qual seus filhos desfrutem de liberdade, igualdade e justiça. Nesse contexto, podemos também nos referir à visão de desenvolvimento 2035, que define as prioridades para o desenvolvimento de longo prazo e consiste em sete pilares — os quais incluem vários programas e projetos estratégicos destinados a atingir o maior impacto possível no desenvolvimento, a fim de alcançar a nova visão do Kuwait. Aproveito a oportunidade para convidar o setor privado brasileiro, que pode desempenhar um papel importante com sua contribuição para o sucesso da visão kuwaitiana.