Um iraquiano membro do grupo Estado Islâmico (EI) foi indiciado na Alemanha, nesta sexta-feira (21/2), por ter deixado morrer "de maneira atroz" uma menina yazidi no Iraque, explorada por ele como escrava - anunciou o Ministério Público alemão.
Ele é acusado de assassinato, mas também de "genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra", afirmou o MP em um comunicado.
Apresentado como Taha A.-J., ele é o marido de Jennifer W., uma alemã, julgada desde abril de 2019 em Munique pelo mesmo caso.
Este julgamento foi descrito como o primeiro processo judicial no mundo a respeito do destino dos yazidis, uma minoria religiosa curda perseguida e escravizada pelos extremistas no Iraque, a partir de 2014.
Depois de ingressar no EI em março de 2013, Taha A.-J. "comprou uma mulher e sua filha de cinco anos entre um grupo de prisioneiros yazidis" para fazê-las escravas, de acordo com o MP.
Além de dar às duas acesso "insuficiente" à água e comida, o homem "proibiu-as de praticarem sua religião e as forçou à conversão ao Islã".
Preso na Grécia em maio de 2019 e detido na Alemanha desde outubro de 2019, o homem "amarrou a menina do lado de fora de uma janela" e a deixou morrer "de maneira atroz", "exposta ao calor de mais 50 graus".
"O acusado sabia que a morte da garota era possível e a aprovou", acrescentou o MP.
A fé yazidi é considerada "satânica" pelo EI, que lançou uma campanha de perseguição contra essa minoria na região iraquiana de Sinjar.
Agora refugiada na Alemanha, a mãe da menina é representada no julgamento de Jennifer W. pela advogada Amal Clooney e por Nadia Murad, ela própria uma yazidi que já foi feita de escrava sexual. Em 2018, Nadia obteve o Prêmio Nobel da Paz.