Uma violinista ajudou os médicos a não danificarem uma importante zona de seu cérebro tocando seu instrumento durante a operação para extrair um tumor - anunciou o hospital King's College de Londres na terça-feira (19/2).
Os cirurgiões desenvolveram uma técnica que lhes permitiu verificar, em tempo real, que as áreas do cérebro responsáveis pelo movimento das mãos não foram afetadas durante este delicado procedimento cirúrgico, destacou o hospital em sua página on-line.
A violinista Dagmar Turner, de 53 anos, integrante da orquestra sinfônica da ilha de Wight (sul da Inglaterra), foi diagnosticada com um tumor cerebral de crescimento lento em 2013. Ela pediu para ser operada quando o tumor estivesse desenvolvido.
A cirurgia foi realizada no mês passado.
A ideia de fazê-la tocar seu instrumento, despertando-a da anestesia no meio da operação, teve como objetivo proteger células importantes situadas no lóbulo frontal direito de seu cérebro, em particular.
Localizada ao lado do setor operado, esta zona controla, entre outras coisas, a mão esquerda, essencial para tocar seu instrumento.
"A ideia de não poder tocar mais me deixava arrasada", afirmou Turner, que agradeceu à equipe médica por ter feito "todo o possível", chegando a determinar em que posição operá-la para que ela pudesse tocar.
"Fazemos cerca de 400 ressecções (extirpação de tumores) por ano, o que com frequência implica despertar os pacientes para fazer testes de linguagem", indicou o cirurgião-chefe na operação, Keyoumars Ashkan.
"Mas foi a primeira vez que fiz um paciente tocar um instrumento".
Segundo ele, 90% do tumor foi extirpado, "incluindo todas as zonas suspeitas de (registrar) uma atividade agressiva", enquanto se permitia à violinista "conservar o uso pleno de sua mão esquerda".
"Graças a eles, espero me reintegrar muito em breve a minha orquestra", destacou Turner, que deixou o hospital três dias depois de sua operação.