Os passageiros do navio "Diamond Princess", onde foram detectados mais de 540 casos de infecção pelo novo coronavírus, começaram a deixar o navio na quarta-feira (noite de terça no Brasil), depois de 14 dias de quarentena no Japão, no mesmo dia em que as autoridades chinesas anunciaram mais 132 mortes pela doença, elevando o total de óbitos no país a dois mil.
Em sua atualização diária, as autoridades chinesas também reportaram 1.693 novos casos de contágio, o número mais baixo da semana. Com o novo balanço em Hubei, o número de infecções na China continental chegou a pelo menos 74.000.
Fora da China continental foram registrados cerca de 900 casos de contágio e seis mortos em trinta países.
Em Hong Kong, as autoridades divulgaram que uma segunda pessoa faleceu por conta da doença. A vítima fatal é um homem de 70 anos que estava internado desde o dia 12 de fevereiro em um hospital local.
OMS pede calma
Citando um estudo realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, com uma amostra de 72.000 pessoas, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou na segunda que mais de 80% dos pacientes sofrem uma forma muito leve da doença.
Segundo este estudo, até os 39 anos, a taxa de mortalidade do COVID-19 permanece muito baixa, de 0,2%, e aumenta gradualmente com a idade.
"Este é um surto muito sério e tem o potencial de crescer, mas precisamos colocá-lo em sua justa medida com o número de pessoas infectadas", disse Michael Ryan, encarregado do departamento de emergência médica da OMS.
"Proporcionalmente, fora de Hubei esta epidemia está afetando muito pouca gente", afirmou depois da divulgação de um informe, segundo o qual 81% dos mais de 73.000 pacientes têm infecções leves.
O estudo, divulgado pelo Centro Chinês de Prevenção e Controle de Doenças mostra que o índice de mortalidade é de 2,3% e cai abaixo de 1% na faixa etária de 30 a 40 anos.
Zhong Nanshan, proeminente especialista da Comissão Nacional de Saúde Chinesa, disse à imprensa que 85% dos pacientes podem melhorar "se contarem com bom suporte (médico), tratamento e estar bem alimentados"
Com base nestes dados, encarregados da OMS insistiram em que a epidemia do COVID-19 é "menos letal" que a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) ou a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).
Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiou a China por tomar medidas drásticas para conter o vírus.
Wuahn, capital da província de Hubei, realiza "uma prática de saúde pública muito boa", com vigilância ativa e porta a porta, disse Michale Ryan.
Cerca de 56 milhões de pessoas estão em quarentena na província de Hubei, foco da epidemia.
No entanto, a situação continua difícil em Wuhan, onde o diretor de um hospital morreu nesta terça, a sétima pessoa da área de saúde a sucumbir à epidemia de COVID-19.
Preocupação com os cruzeiros
Outras 88 pessoas testaram positivo para o coronavírus no cruzeiro Diamond Princess que está atracado em frente à costa de Yokohama no Japão, elevando para 542 o número de infecções.
Após a decisão dos Estados Unidos de repatriar 300 americanos do navio na segunda-feira, outros países como Reino Unido, Canadá, Austrália, Hong Kong e Coreia do Sul seguirão a iniciativa.
A OMS havia criticado a restrição de viagens e a ideia de suspender os cruzeiros, após o contágio de centenas de passageiros em uma embarcação em frente à costa japonesa com cerca de 3.700 pessoas a bordo.
Temor econômico
Apesar das garantias da OMS, a preocupação persiste. Um salão internacional de invenções foi adiado em Genebra, um evento de artes marciais em Singapura será realizado a portas fechadas e os lutadores chineses foram excluídos do campeonato asiático na Índia.
Nesta terça, a Rússia declarou, ainda, que nenhum cidadão chinês poderá entrar em seu território a partir de 20 de fevereiro.
A União Europeia, por sua vez, cancelou um deslocamento dos presidentes das instituições europeias a Pequim, previsto para o fim de março para preparar uma cúpula UE-China, agendada para setembro na Alemanha.
As cadeias produtivas de multinacionais como Foxconn, provedora da Apple, foram interrompidas após o fechamento temporário de fábricas na China.
A Apple anunciou nesta segunda que não atingirá sua previsão de faturamento no segundo trimestre, já que o abastecimento de seu principal produto, o iPhone, estará "temporariamente limitado" e a demanda na China foi afetada.
O BHP, maior grupo minerador do planeta, advertiu que a demanda de commodities pode ser afetada, especialmente a de petróleo, cobre e ferro, se a epidemia continuar avançando.