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Em meio a protestos, Afeganistão reelege presidente Ashraf Ghani

Ashraf Ghani foi reeleito presidente do Afeganistão, de acordo com os resultados divulgados nesta terça-feira, 18, pela Comissão Eleitoral do país. Os afegãos foram às urnas em 28 de setembro e o resultado final foi adiado após pedidos de recontagem. "A Comissão Eleitoral declara que Ashraf Ghani, que obteve 50,64% dos votos, é o presidente do Afeganistão", disse em entrevista coletiva, Hawa Alam Nuristani, chefe da instituição. O anúncio do resultado da votação foi adiado quase cinco meses por causa das acusações de manipulação de votos apresentadas pelo principal adversário de Ghani, Abdullah Abdullah, que forçou uma nova recontagem. A apuração preliminar, divulgada no final de dezembro, já mostrava uma vitória do chefe de Estado afegão. Políticos da oposição protestaram contra o resultado, ameaçando uma crise política completa à beira de um acordo de paz dos EUA com o Taleban. Os apoiadores do principal rival de Ghani, Abdullah Abdullah, acusam a comissão eleitoral do Afeganistão de favorecer Ghani e ameaçam formar um governo paralelo se a comissão anunciar resultados que não satisfaçam suas queixas. A votação, realizada em setembro em meio a um número recorde de ataques do Taleban com o objetivo de desestabilizar a eleição, havia sido repetidamente adiada e marcada pela incerteza, já que um acordo de paz entre os EUA e o Taleban sobre o futuro do Afeganistão estava sendo finalizado. Mas o presidente Trump desconsiderou as negociações apenas algumas semanas antes da eleição, abrindo caminho para a votação. Agora, com essas negociações retomadas e anunciada uma data condicional para a assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e o Taleban, a nova crise política corre o risco de atrapalhar esse processo frágil, que deveria abrir caminho para negociações entre o governo afegão e os Taleban sobre o futuro político do país. Resultados contestados Os resultados estão sendo contestados por opositores, como já havia ocorrido em 2014. O principal oponente de Ashraf Ghani conquistou 39,52% dos votos, segundo a Comissão Eleitoral, mas a equipe de Abdullah Abdullah questiona o processo. O vice-presidente Abdul Rashid Dostum, um poderoso ex-senhor da guerra e aliado de Abdullah Abdullah, também ameaçou formar um governo paralelo se fossem anunciados resultados "fraudulentos". A população afegã e a comunidade internacional temem uma repetição do cenário de 2014, quando Abdullah Abdullah contestou os resultados das eleições, marcadas por graves irregularidades, o que levou a uma crise constitucional. À espera de trégua Na sexta-feira, 14, Ghani teve uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. Autoridades dos Estados Unidos disseram que o Afeganistão e o grupo extremista Taleban devem começar uma trégua temporária nos próximos dias. Se bem sucedida, a pausa nos conflitos deve levar a uma assinatura formal de cessar-fogo entre as forças oficiais afegãs e a milícia islâmica. Então, caso os conflitos no Afeganistão sejam finalmente interrompidos, os militares norte-americanos devem deixar o país. O presidente dos EUA, Donald Trump, tem reforçado que pretende retirar tropas norte-americanas de "guerras infinitas" do Oriente Médio. Durante o discurso sobre o Estado da União, no começo de fevereiro, ele chegou a apresentar um soldado que acabava de retornar do Afeganistão para ilustrar o desejo de por fim à presença norte-americana nos conflitos da região. (Com agências internacionais)