A investigação sobre a divulgação de vídeos sexuais do político francês Benjamin Griveaux resultou na prisão preventiva do artista russo Piotr Pavlenski. Ele foi detido no último sábado para ser interrogado sobre um caso de violência com armas, mas, durante o interrogatório, assumiu ter sido o autor do crime cibernético. O vazamento levou Griveaux, candidato do presidente da França, Emmanuel Macron, à prefeitura de Paris, a renunciar à candidatura. A ministra da Saúde, Agnès Buzyn, foi apontada como sua substituta na corrida eleitoral.
Dissidente russo que obteve refúgio na França, Pavlenski estava sendo interrogado por um caso de violência ocorrido na noite de 31 de dezembro de 2019 e na madrugada de 1º de janeiro deste ano. A Justiça, no entanto, suspendeu a detenção preventiva no caso para interrogá-lo a respeito dos vídeos de Griveaux. Agora que assumiu a responsabilidade pela divulgação, Pavlenski pode ser mantido detido por até 48 horas. A companheira do artista russo, que teria recebido os vídeos do político francês, também foi presa, acusada de violação da intimidade da vida privada.
Ontem, a ministra Agnès Buzyn anunciou oficialmente que será candidata a prefeita de Paris. “Eu estou indo lá para ganhar”, declarou à Agência France-Presse (AFP) de notícias. A mudança ocorre a menos de um mês da primeira etapa da eleição para prefeitura, marcada para 15 de março. Ela concorrerá pela La Republique En Marche (LREM), partido de Macron, substituindo Benjamin Griveaux, que desistiu de participar do pleito na última sexta-feira, após a publicação de vídeos em que supostamente aparece, além de mensagens de cunho sexual que ele teria enviado a uma mulher.
Antes da desistência de Griveuax, as mensagens foram compartilhadas por milhares de pessoas em mídias sociais e sites, incluindo um blog com publicações escritas por Pavlenski. O político francês anunciou sua saída da eleição em um vídeo transmitido pela BFM TV, dizendo que lamentava “ataques revoltantes” contra sua campanha. “Um site e a mídia social publicaram ataques revoltantes contra mim e minha privacidade. Nosso projeto para Paris, que minha equipe de campanha e eu construímos e lutamos, continuará sem mim”, declarou no vídeo. “Esta é uma decisão difícil para mim, mas não desejo mais colocar minha família em risco”, acrescentou.
Investigação
As suspeitas pairando sobre Piotr Pavlenski no crime ocorrido durante o ano-novo estão relacionadas a uma briga em um apartamento. Autoridades querem saber se ele usou a arma que feriu duas pessoas. O artista russo teria explicado que os dois feridos “organizaram uma colaboração com a polícia contra ele”. Por várias semanas, foi procurado pela polícia francesa. A advogada do artista, Marie-Alix Canu-Bernard, não quis comentar o caso.
Pavlenski defende que faz “arte política”. Ele já foi multado e passou sete meses em detenção em junho de 2016, depois de danificar a Lubianka, a sede histórica dos serviços de segurança russa.