Coletivos de feministas no México fizeram uma manifestação nesta sexta-feira (14) em frente ao palácio presidencial para chamar a atenção da situação das mulheres no país, tendo como pano de fundo o feminicídio de uma jovem na capital mexicana.
Durante o protesto, as participantes tiveram a oportunidade de falar com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que foi questionado sobre o tema.
"O senhor fala muito sobre corrupção. A questão do feminicídio e do desaparecimento está cheia de corrupção", disse a ativista Frida Guerrera para López Obrador.
"Não estou me esquivando da responsabilidade. Todos os dias atendo ao problema e não estou preocupado, estou ocupado", respondeu o presidente.
O chefe de Estado afirmou que seu governo garante que haverá "punição para os responsáveis" pela violência contra as mulheres.
"Me declaro a favor das mulheres e contra a violência ... sou totalmente contra o machismo, não há dúvidas", disse López Obrador.
O México registrou 1.006 vítimas de feminicídio em 2019, segundo dados oficiais, embora o número possa ser maior porque existem deficiências para tipificar o crime, segundo especialistas.
O protesto em frente ao palácio presidencial foi o primeiro de vários convocados para esta sexta na capital mexicana e em outras cidades do país após o atroz assassinato de Ingrid Escamilla, 25 anos, esfaqueada até a morte e depois esquartejada por seu parceiro no norte da Cidade do México.
Uma delegação de cerca de 10 ativistas entrou no Palácio Nacional e se reuniu com a equipe de comunicação da Presidência. Lá, exigiram que López Obrador "oferecesse desculpas públicas" por preferir falar sobre outras questões, como o plano presidencial, em vez do feminicídio.
Várias agências das Nações Unidas no México condenaram "energicamente" nesta sexta-feira o assassinato de Escamilla e de outras mulheres e meninas, mortas diariamente no México "por razões de gênero".
Recordaram também que existe uma estrutura legal internacional que força o Estado mexicano a eliminar a discriminação de gênero na mídia, depois que imagens do corpo esquartejado de Escamilla foram vazadas para a imprensa e publicadas por alguns jornais e redes sociais.
O governo da capital disse que investiga os legistas forenses e policiais que acompanharam ao caso, suspeitos de vazar as imagens, enquanto o governo federal fará o mesmo com os veículos que divulgaram esse conteúdo.