Pelo terceiro dia consecutivo, houve uma estabilização, ontem, no número de registro de contágios pelo COVID-19 na China continental, aumentando a esperança de especialistas de que a curva da epidemia comece a descrescer a partir do fim do mês. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), porém, é prematuro fazer qualquer prognóstico sobre o ritmo de disseminação do novo coronavírus. “Acho que é cedo demais para tentar prever o (...) fim dessa epidemia”, disse Michael Ryan, chefe do departamento de emergência da agência da ONU em Genebra.
Embora tenha ressaltado a “evolução positiva” no registro de novos casos da epidemia, o presidente chinês, Xi Jinping, pediu à população para não “baixar a guarda” nesta “grande guerra”. O COVID-19, até a noite de ontem, havia provocado mais de 1.100 mortos e infectado 45 mil pessoas na China continental (que excluiu Hong Kong e Macau) e em cerca de 30 países.
Também o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi prudente ao analisar a situação. Ele destacou que “o número de novos casos relatados na China se estabilizou durante a última semana”, mas enfatizou que o dado “deve ser interpretado com extrema cautela”. “Essa epidemia pode ir em qualquer direção”, alertou Tedros Ghebreyesus.
Um fato considerado positivo pelos especialistas é que o número de novos casos registrou queda no estado de Hubei, o epicentro da epidemia, por dois dias consecutivos, segundo informações da Comissão Nacional de Saúde da China. “Em geral, o número de novos casos está diminuindo lentamente”, declarou Zhong Nanshan, cientista que integra o órgão, em uma videoconferência realizada com médicos de Wuhan. “Quando acontecerá o ponto de inflexão? Não consigo afirmar. Mas acredito que isso ocorra no fim de fevereiro”, completou.
Em Genebra, a OMS encerrou a reunião extraordinária que contou com a presença de quase 400 cientistas de todo o mundo para discutir a epidemia. “Se investirmos agora, temos uma oportunidade realista de deter esta epidemia”, frisou Tedros Ghebreyesus na abertura do encontro.
O diretor-geral do organismo também destacou que, para conter a disseminação do novo coronavírus, é “vital” que os testes possam ser feitos no máximo de lugares. “Sem capacidade de diagnóstico, os países ficam no escuro: não sabem até que ponto e por que o vírus se espalhou, e quem tem coronavírus, ou outra doença com sintomas semelhantes”, ressaltou.
Segundo ele, a OMS identificou 168 laboratórios em todo mundo com a tecnologia correta para diagnosticar coronavírus e enviou kits para 14 países. Outro carregamento de 150 mil testes deve ser enviado de Berlim para mais de 80 laboratórios no mundo. Os exames, desenvolvidos por laboratórios de referência, são baseados na detecção do código genético do novo COVID-19.