A Argentina pediu nesta quarta-feira o apoio do Brasil na negociação de sua dívida com o FMI, durante uma reunião entre os dois chanceleres em Brasília, com o objetivo de aproximar as posições entre dois governos antagônicos.
"Pedimos aos nossos irmãos brasileiros que também nos apoiem da maneira que puderem no FMI (Fundo Monetário Internacional)", disse à imprensa o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Felipe Solá, depois de se encontrar com seu colega Ernesto Araújo.
O pedido coincide com a chegada nesta quarta-feira à Argentina de uma missão do fundo para definir uma reestruturação da dívida, que o presidente, o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, considera impagável, enquanto a terceira economia da América Latina, em recessão e com níveis alarmantes de inflação e pobreza, não recupera o crescimento econômico.
"É o primeiro passo de uma etapa, de uma escada que continua, caso cheguemos a um bom acordo (...) Pedimos tempo para crescer e pagar, não voltaremos a cair em default como governo argentino", explicou o chanceler.
"O futuro da Argentina precisa dessa negociação com a frente externa e condiciona ao momento de pensar no futuro. Esse condicionamento influenciou para que não tivéssesmos uma ratificação imediata do acordo entre a União Europeia e o Merscosul", acrescentou.
O acordo entre o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e a UE foi alcançado em junho, mas ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países membros dos dois blocos.
Durante a campanha eleitoral, Fernández expressou reticências sobre o acordo, mas no início de fevereiro, em uma reunião com a chanceler Angela Merkel em Berlim, Fernández pediu para "materializá-lo".
A reunião de Solá e Araújo é o encontro de mais alto nível realizado até agora entre o governo peronista argentino e o brasileiro depois de meses de atrito diplomático.
Ambos descreveram a reunião como "extremamente produtiva". Solá será recebido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta tarde no Palácio do Planalto, algo que pode abrir as portas para uma futura cúpula bilateral.
Solá também disse que os dois governos compartilham a "intenção de instalar o Mercosul como uma marca atraente" e defendeu que o bloco "deve fazer acordos com outros países para crescer".
"Vamos tentar não ser um obstáculo para a possibilidade de avanços", disse.
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