O papa Francisco divulgará nesta quarta-feira (12/2) a exortação apostólica "Querida Amazônia", o texto oficial de seu pontificado sobre esta região afetada pela devastação e a pobreza, que gera expectativa pela rejeição à ordenação de padres casados neste imenso território da América do Sul.
Depois de três semanas de deliberações, os 184 bispos, a maioria latino-americanos, reunidos em outubro do ano passado no Vaticano para o sínodo sobre a Amazônia, aprovaram um documento que pede a introdução do "pecado ecológico", assim como a possibilidade de ordenar padres casados e e ter diaconisas, temas considerados tabus para os católicos conservadores.
De acordo com um grupo de bispos americanos que o papa recebeu na segunda-feira para a tradicional visita 'ad limina', Francisco evitará um pronunciamento sobre a proposta controversa de autorizar a ordenação sacerdotal dos chamados "viri probati", homens casados com uma vida impecável, muitos deles indígenas, para enfrentar a escassez de padres na região, que inclui nove países.
"O papa não acredita na ordenação de homens casados, mas algo deve ser feito para as pessoas privadas da eucaristia", declarou à imprensa americana o bispo Oscar A. Solis, de Salt Lake City, Utah.
Ele fez referência às regiões remotas da floresta amazônica, às quais os padres não podem acessar com frequência para dar a comunhão.
Com a decisão, o papa argentino deseja que a exortação apostólica se concentre nos desafios ecológicos, sociais e pastorais, e não tanto no fim do celibato. Esta é uma questão que divide profundamente a Igreja.
O documento papal será apresentado à imprensa pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, e o cardeal Michael Czerny, subsecretário da seção de Migrantes e Refugiados, que foi o secretário especial do sínodo da Amazônia.
Considerado um dos pontos mais controversos aprovados, com 128 votos a favor e 41 contra, a possível ordenação de homens que têm família constituída e estável com autorização para celebrar os sacramentos em áreas remotas poderia desencadear um cisma com os defensores do celibato.