Há cinco anos, a guerra no Iêmen se transforma, a cada dia, em um desafio cada vez maior para seus milhões de habitantes. E, assim como sua população, os animais do zoológico de Sanaa, não sabem o que acontecerá amanhã.
Na capital, tomada em 2014 pelos rebeldes huthis, um funcionário abre uma porta para lançar um burro morto a 31 leões famintos. Quatro felinos já morreram de fome em 2017, conta à AFP seu guardião, Amin al-Majdi.
"Enfrentamos uma alta do preço dos burros", afirma.
"Antes matávamos três, ou quatro, burros (por dia) para nossos seis leões, mas agora, que são 31, nos vemos obrigados a matar entre 10 e 12", explicou.
Assim como como no restante do país, o zoológico de Sanaa mal consegue oferecer alimentos suficientes para seus 1.159 animais.
Dois leopardos árabes, uma espécie ameaçada, dormem com frequência de estômago vazio, assim como as dezenas de macacos que sobrevivem recolhendo restos de comida jogados pelos visitantes.
O zoológico da capital se encontra em melhores condições, porém, do que os de Taez (sudoeste) e Ibb (centro), afirma Kim Michelle Broderick, fundadora da ONG One World Actors Animal Rescues (OWAP). Com sede na França, a organização arrecada fundos para os zoológicos iemenitas.
Em Ibb, os animais "não recebem alimentação alguma", denuncia ela. E, qualquer que seja o zoológico, "as jaulas são minúsculas, e os animais sofrem traumas crônicos".
A OWAP é uma das poucas organizações internacionais de defesa da causa animal que intervém no Iêmen, onde lhes distribui rações de alimentos de urgência e água. Também presta assistência veterinária aos cavalos, animais de granja e outros que foram abandonados.
A guerra deflagrada em 2005 no Iêmen provocou a crise humanitária mais grave do mundo e levou sua população ao limiar da fome, segundo a ONU.