Morreu na noite de ontem, aos 103 anos, o ator Kirk Douglas, uma das últimas lendas da chamada Era de Ouro de Hollywood. Com uma carreira de mais de seis décadas, o ator e diretor de cinema tem uma filmografia com mais de 80 títulos. Reconhecido pela Academia de Cinema em 1996, com o Oscar Especial pelo conjunto de sua obra, Kirk Douglas teve três indicações à estatueta de melhor ator, pelos longas O Invencível (1950), Assim estava escrito (1953) e Sede de viver (1957), pelo qual ganhou um Globo de Ouro. A premiação dada aos melhores atores do cinema, também o reconheceu por sua obra com o prêmio especial Cecil B. DeMille. Douglas foi três vezes indicado ao Emmy, o prêmio mais importante da tevê norte-americana.
O ator enfrentava problemas de saúde desde 1996, quando sofreu um derrame. O episódio deixou sua fala debilitada, o que o forçou a se aposentar. Ele também sobreviveu a um acidente aéreo, em 1991, quando o helicóptero em que estava bateu em um avião na Califórnia. Duas pessoas morreram.
Nascido como Issur Danielovitch Demsky, em Nova York, em 9 de dezembro de 1916, Kirk Douglas tem suas origens em uma família de imigrantes judaica russa. Foi criado pela mãe e teve que trabalhar desde cedo para ajudar no sustento de casa. Mesmo assim, estudou letras na Universidade de Saint Lawrence e teatro na Academia Americana de Artes Dramáticas, em Nova York.
Obra-prima
Entre seus papéis mais emblemáticos estão o escravo vivido em Spartacus, de 1960, e a interpretação do pintor Vincent van Gogh, em Sede de Viver. A saga do escravo romano que se torna gladiador, segundo o próprio Kirk Douglas, foi uma de suas maiores obras-primas. “Fiz mais de 85 filmes, mas Spartacus é dos que me dão mais orgulho”, declarou em sua autobiografia.
Pai de quatro filhos, entre eles o ator Michael Douglas, Kirk deixa ainda a mulher, Anne, de 100 anos. Em 2004, viveu um drama familiar, quando o filho Eric morreu de overdose, aos 46 anos. Ele teve uma curta carreira no cinema, sem o mesmo reconhecimento que o pai e o irmão.
Além de ator e cineasta, Kirk Douglas desenvolvia um trabalho de filantropia doando centenas de milhões de dólares a causas beneficentes. Ele também escreveu uma autobiografia chamada O Filho do Trapeiro e o romance Dança com o Diabo.
A morte de Kirk foi anunciada pelo filho Michael em uma rede social. “Para o mundo, ele era uma lenda, um ator dos filmes da Era de Ouro, que viveu em seus próprios anos dourados, um humanitário cujo compromisso com a justiça e as causas que ele acreditava estabeleceram um padrão para todos nós aspirarmos. Mas, para mim e meus irmãos, Joel e Peter, ele era simplesmente pai, para Catherine, um maravilhoso sogro, para seus netos e bisneto, um avô amoroso, e para sua esposa Anne, um marido incrível”, escreveu.
Michael Douglas destacou que o pai teve uma vida plena e que deixa um legado nos filmes que vão ser lembrados pelas próximas gerações, e também na filantropia. O ator encerrou sua homenagem ao pai de forma emotiva: “Eu quero concluir (esse texto) com as palavras que eu lhe disse no seu último aniversário e que sempre permanecerão uma verdade: pai, eu te amo muito e estou tão orgulhoso de ser seu filho.”
Em Brasília
Em 1963, o ator veio ao Brasil especialmente para conhecer a capital, Brasília, que completava três anos. Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o astro se disse impressionado com arquitetura da cidade. “Uma das mais expressivas de todo o mundo”, afirmou. Na ocasião, ele ainda falou sobre a vontade de fazer um filme relacionado ao ex-presidente Juscelino Kubitschek.
“Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da Era de Ouro do cinema, que viveu bem seus anos de ouro... Mas, para mim e meus irmãos, Joel e Peter, era simplesmente papai”
Michael Douglas, ator