O presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu nesta segunda-feira (3) em Berlim, ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, que "concretizem" o acordo União Europeia-Mercosul, que ainda não foi ratificado pelos parlamentos dos países-membros.
Depois de lembrar que conheceu Merkel numa reunião em Viena entre a UE e o Mercosul em 2005, Fernández disse que "este é o caminho que temos que seguir fortalecendo e ver como podemos materializá-lo".
Fechado em junho de 2019, após 20 anos de negociações comerciais, o acordo ainda deve passar por uma revisão legal antes da aprovação dos países europeus para assinatura formal, o que não ocorrerá antes do final deste ano, segundo fontes da UE.
Depois da assinatura formal, o acordo pode entrar em vigor provisoriamente após a aprovação da Eurocâmara. Em seguida, para a aplicação final, é necessária a ratificação dos parlamentos nacionais de todos os países.
Em sua primeira viagem oficial à Europa, depois de assumir em dezembro passado a presidência de uma Argentina em profunda crise, Fernández se reuniu em Berlim com empresas com investimentos no país sul-americano para analisar "todas as questões e alternativas pendentes".
"Fiquei muito feliz e muito satisfeito com essa reunião e tive a impressão de que eles sentiram o mesmo".
Fernández também apresentou uma mensagem a favor do multilateralismo. Com sua anfitriã, disse, compartilhamos "nossa preocupação com organizações multilaterais e com o relacionamento multilateral, onde acreditamos que é onde o mundo deve se encontrar".
Merkel, por sua parte, assegurou falariam "sobre a situação em geral na região porque a América Latina vive algumas situações políticas difíceis".
"É uma alegria e uma honra recebê-lo hoje à noite ", disse Merkel, celebrando o fato de o presidente argentino ter iniciado pela Alemanha sua sua primeira viagem à Europa e por ter ido ao velho continente tão rapidamente após assumi.
- Alemanha, um modelo para Argentina -
A Alemanha, disse o presidente, "é o modelo que observamos de perto, porque sabemos que foi o motor da grande unidade da União Europeia", antes de relembrar o "vínculo estreito" que os argentinos têm com toda a Europa.
Embora em seu breve discurso à imprensa Fernández não tenha mencionado a questão da dívida argentina, sem dúvida este assunto de vital importância para seu país estará presente na reunião de trabalho com a chanceler alemã.
O país sul-americano está em recessão desde meados de 2018, com uma das maiores taxas de inflação do mundo (53,8% em 2019), com a pobreza atingindo cerca de 40% da população.
O novo governo argentino está empenhado numa série de negociações com os credores da dívida externa, que representa 91,6% do PIB.
Em sua primeira viagem oficial à Europa, que começou no Vaticano com um encontro com o Papa Francisco e continuou com reuniões com as autoridades italianas, Fernández também visitará a Espanha na terça-feira e depois a França.