A comunidade internacional oscilou entre o repúdio e a cautela ao anúncio do plano de paz do presidente norte-americano, Donald Trump, para o Oriente Médio. Enquanto os palestinos rejeitaram, em bloco, as propostas, a Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que sua posição sobre a solução para o conflito israelo-palestino baseada em dois Estados “foi definida, ao longo dos anos, pelas resoluções pertinentes do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral”. Também destacou que as fronteiras de 1967 precisam ser respeitadas em um acordo.
Josep Borrell, chefe da política externa da União Europeia (UE), declarou que “a iniciativa dos Estados Unidos brinda a ocasião de relançar os esforços” pela paz no Oriente Médio. Ele pediu a palestinos e a israelenses que demonstrem um “compromisso genuíno com a solução dos dois Estados”. Bruxelas “vai estudar e avaliar as propostas avançadas”, acrescentou Borrell, em declaração feita em nome dos 28 países-membros. Para a Alemanha, apenas uma solução “aceitável pelas duas partes” pode “conduzir a uma paz duradoura entre israelenses e palestinos”, reagiu o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas. “Vamos estudar a proposta de forma intensiva e partiremos do princípio de que todos os parceiros vão fazer o mesmo”, disse, por meio de um comunicado.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, saudou o plano como “uma proposta claramente séria”. “Um acordo de paz entre israelenses e palestinos que leve à coexistência pacífica pode destravar o potencial de toda a região e fornecer aos dois lados a oportunidade de um futuro mais brilhante”, destacou.
Assim como a ONU, Egito e Jordânia adotaram uma posição de cuidado em relação à aplicação do plano de Trump. Os jordanianos defenderam que o respeito às fronteiras é “a única via para uma paz global e duradoura”. O governo egípcio clamou por um “exame cuidadoso” do acordo apresentado ontem pela Casa Branca e pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu. Os Emirados Árabes Unidos demonstraram otimismo e consideraram que o plano é “um importante ponto de partida” para negociações bilaterais.
Convergência
Nos territórios palestinos, moradores saíram às ruas da Cidade de Gaza, e de Belém, Nablus e Ramallah (Cisjordânia) para protestar. Fotos de Trump foram queimadas durante as manifestações. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, alertou que o plano de Trump “não passará”. “É impossível a um árabe ou palestino aceitar não ter Jerusalém” como capital do Estado palestino, declarou Abbas, destacando a recusa palestina a ver Jerusalém como a capital indivisível de Israel.
Antes do anúncio de Trump, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que o plano de paz “está condenado ao fracasso” e poderia levar os palestinos a uma “nova fase” de sua luta. Haniyeh e Abbas conversaram por telefone, em rara reação alinhada ao projeto americano. O movimento xiita libanês Hezbollah denunciou uma “tentativa de eliminar os direitos históricos e legítimos do povo palestino”.