Mundo

Alerta contra antissemitismo



Nos 75 anos da liberação de Auschwitz, sobreviventes do Holocausto foram, ontem, ao antigo campo de concentração nazista para para honrar a memória das mais de 1,1 milhão de vítimas, principalmente judeus, e lançar um alerta ao mundo ante o ressurgente antissemitismo. Com gorros e lenços listrados de azul e branco, simbolizando os uniformes dos prisioneiros, eles atravessaram, com tristeza, o portal de ferro com a inscrição Arbeit macht frei ("O trabalho liberta", em tradução livre do alemão). Acompanhados do presidente polonês, Andrzej Duda, depositaram coroas de flores perto do “muro da morte”, onde os nazistas mataram milhares de pessoas.

Procedentes de várias partes do mundo, mais de 200 sobreviventes foram ao local, no sul da Polônia. Lá, compartilharam seus testemunhos. “Queremos que a próxima geração saiba o que nós vivemos e que isso não aconteça nunca mais”, declarou, com a voz embargada pela emoção, o sobrevivente de Auschwitz David Marks, 93 anos

“Auschwitz não caiu de repente do céu, Auschwitz avançou lentamente passo a passo até chegar ao que aconteceu aqui”, disse Marian Turski, da mesma idade de Marks. A sobrevivente judia polonesa do campo, que pediu vigilância contra a violação de direitos das minorias, que é crucial para salvaguardar a democracia e impedir o genocídio. “Não sejam indiferentes!”, pediu Turski.  “Muitas pessoas, em muitos países, tornaram possível a existência de Auschwitz”, assinalou, por sua vez, o presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder.

Ele considerou “vergonhoso que, 75 anos depois, (sobreviventes de Auschwitz) agora vejam seus netos novamente enfrentando o mesmo ódio, que não deve ser tolerado”. Lauder enfatizou o aumento da retórica e da violência antissemita nos Estados Unidos e na Europa.

Os organizadores insistiram no fato de que a cerimônia comemorativa de ontem deveria se concentrar no que os sobreviventes têm a dizer, e não nas divergências políticas que marcaram os preparativos da data. “Trata-se dos sobreviventes, não se trata de política”, declarou Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, neste ex-campo de concentração transformado em memorial e museu, administrados pela Polônia.

Chefes de Estado e de governo de quase 60 países assistiram à cerimônia, que não contou com a presença de  líderes das grandes potências mundiais. Na quinta-feira passada, eles estiveram em cerimônia semelhante, realizada em Jerusalém, sem o presidente polonês. Andrzej Duda se recusou a ir depois de saber que não poderia fazer um pronunciamento com as demais autoridades.