O governo britânico deve se pronunciar na próxima semana sobre a possível participação da chinesa Huawei no desenvolvimento da rede móvel 5G no Reino Unido - informou uma fonte do governo nesta sexta-feira (24/1).
Os Estados Unidos pressionam a Europa e, em particular, o Reino Unido, para excluir a Huawei, citando supostos vínculos da empresa com o governo chinês e o fato de que seus equipamentos podem ser usados para espionagem, o que a Huawei sempre negou.
O governo de Boris Johnson parece, no entanto, estar preparando o terreno. Assim, esta fonte do alto escalão apontou que o Reino Unido usa a tecnologia da Huawei há 15 anos, ao contrário dos Estados Unidos, e as agências de segurança estão preparadas para gerenciar os riscos.
Além disso, a proibição total da Huawei custaria "bilhões" de libras ao Reino Unido e atrasaria a implantação da rede 5G e da fibra óptica, acrescentou.
Por fim, poucas empresas possuem a mesma tecnologia do grupo chinês: "há um vácuo no mercado", resumiu a fonte.
O Reino Unido adiou várias vezes sua decisão sobre a Huawei, principalmente devido às eleições parlamentares de dezembro.
Em abril de 2019, um vazamento na imprensa britânica revelou que o governo conservador da época, liderado por Theresa May, estava prestes a conceder à Huawei uma participação limitada na rede 5G.
O fornecedor de equipamentos chinês não estaria envolvido no coração da rede, mas em infraestrutura menos sensível.
A ministra das Empresas, Andrea Leadsom, disse na quinta-feira que uma decisão seria tomada "em breve", acrescentando que vários elementos estavam sendo levados em consideração, como "a disponibilidade de outros fornecedores e o trabalho já realizado pela Huawei no Reino Unido".
A Huawei é uma fonte de tensão entre Londres e Washington, no momento em que o governo britânico pretende negociar, após o Brexit, um novo acordo comercial com os Estados Unidos.
O primeiro-ministro Boris Johnson também sugeriu na semana passada que seria difícil proibir a Huawei de participar da rede britânica 5G: "quem se opõe a uma marca, ou outra, deve nos apresentar uma alternativa", disse ele na BBC.