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Mais de 18 milhões em quarentena


Há casos de pessoas infectadas pelo novo vírus em sete países, além de regiões semiautônomas chinesas. Para conter a disseminação do patógeno, o governo chinês colocou mais uma cidade em quarentena. Além de Wuhan, local apontado como origem do surto, Huanggang está sob controle. A cidade vizinha, a 70 quilômetros de distância, tem 7,5 milhões de moradores.

Desde as 10h de ontem, nenhum trem ou avião pode, em princípio, deixar Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes situada no centro da China. Todas as mortes ligadas à infecção pelo vírus foram registradas lá ou no entorno. “Os moradores não devem deixar Wuhan sem uma razão específica”, anunciou o organismo responsável pelo combate à epidemia no nível municipal.

Segundo o órgão, a decisão foi tomada para “impedir efetivamente a propagação do vírus”. Com as restrições, os táxis triplicaram os preços. “É muito perigoso sair no momento, mas precisamos de dinheiro”, disse um motorista à Agência France-Presse (AFP) de notícias. A prefeitura também impôs o uso de máscara respiratória, que a maioria dos habitantes começou a usar desde o início da semana.

Festividades canceladas
Ainda é possível chegar a Wuhan de trem ou de avião, mesmo com a maioria dos voos cancelados e os trens praticamente vazios, um cenário estranho para a véspera do feriado de ano-novo. Outra medida de segurança tomada pelas autoridades chinesas foi o cancelamento das festividades do ano-novo chinês em Pequim, que começariam amanhã. Anualmente, centenas de milhares de pessoas se reúnem em parques da cidade para os festivais.

Na segunda-feira, o presidente Xi Jinping pediu um combate “resoluto” da epidemia, que, até então, não havia chegado às manchetes dos jornais. Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado observou “sinais encorajadores de que o governo chinês entendeu a gravidade do problema”. Como medida de prevenção, os controles de temperatura corporal se espalharam por vários aeroportos da Ásia, do Pacífico e também do Reino Unido, da Nigéria e da Itália. Em Dubai, todos os viajantes procedentes da China serão submetidos a análises por câmeras térmicas.

Na época da Sars, em 2002-2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou enfaticamente Pequim por ter demorado a avisar sobre a doença, tentando ocultar a extensão da epidemia. A Sars matou 774 pessoas em todo mundo, sendo 648 na China, incluindo Hong Kong, e esteve relacionada ao consumo de carne de civeta asiático, um mamífero carnívoro. Muitas espécies exóticas ainda são amplamente consumidas na China e em outros países asiáticos, onde são consideradas uma iguaria.