O histórico julgamento político contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começa nesta terça-feira (21) no Senado, com a clara divisão partidária que caracteriza seu mandato: enquanto a oposição democrata luta para afastá-lo do cargo, os republicanos que controlam a Casa buscam uma rápida absolvição.
Quatro meses depois da explosão do escândalo ucraniano e a dez meses das eleições presidenciais, os 100 senadores vão se reunir no Congresso para o julgamento que começará às 15h no horário de Brasília, e que, muito provavelmente, terminará com um resultado favorável a Trump.
Os senadores - que prestaram juramento na semana passada para serem jurados no processo - devem agora se manifestar sobre as acusações feitas a Trump pela Câmara de Representantes no mês passado: abuso de poder e obstrução ao Congresso.
Trump se tornou o terceiro presidente na história do país a ser julgado pelo Senado, depois de Andrew Johnson, em 1868, e de Bill Clinton, em 1999.
Ontem, a polarização entre ambas as partes ficou mais uma vez patente, quando a equipe jurídica do presidente americano publicou um texto de 100 páginas, no qual pediu ao Senado que absolva seu cliente imediatamente. No documento, classificaram o julgamento como uma "perigosa perversão da Constituição".
Quase simultaneamente, os promotores do processo contra Trump na Câmara publicaram um documento, explicando que o presidente teve uma "conduta corrupta", com o objetivo de afetar o próximo ciclo eleitoral e se beneficiar dessa interferência.
"O presidente não fez nada de errado", sentenciaram os advogados de Trump, um equipe de prestígio que conta com nomes coomo Kenneth Starr. Este último participou do processo contra Bill Clinton, após o escândalo por seu "affair" com a então estagiária Monica Lewinsky.
A expectativa é que os senadores votem de acordo com seu alinhamento partidário. Aparentemente, Trump conta com o apoio da maioria republicana da Casa, com 53 cadeiras.
Nesse contexto e diante da proximidade do início das primárias democratas, as acusações mútuas são, na verdade, dirigidas à opinião pública.
A partir desta terça, os senadores vão estabelecer as regras procedimentais deste julgamento que será presidido pelo chefe da Suprema Corte, John Roberts.
Trump chegou esta manhã a Davos, na Suíça, onde participará do Fórum Econômico Mundial. De lá, voltou a chamar todo processo de "farsa" e "caça às bruxas".
"É uma caça às bruxas que vem acontecendo durante anos e, sinceramente, é vergonhoso", denunciou.
Ontem, o líder da maioria republicana na Câmara Alta, o senador Mitch McConnell, propôs que cada parte tenha um total de 12 horas, em dois dias, para apresentar seus argumentos. Isso tornaria o processo significativamente mais rápido do que o julgamento político contra Bill Clinton, em 1999.
A proposta será debatida e votada hoje no Senado.