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Chip imita avanço de câncer em células



Pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão, desenvolveram um dispositivo, apelidado por “tumor-em-um-chip”, que reproduz o ambiente interno de um organismo com a doença, abrindo caminho para testes mais eficazes de possíveis drogas. Hoje, cientistas e clínicos podem ter de passar por dezenas de milhares de compostos em potencial, por muitos anos, até encontrar um punhado de candidatos viáveis que, no nível clínico, acabam falhando.

“Os compostos potenciais são testados usando modelos animais e células cultivadas em laboratório. No entanto, esses resultados frequentemente não são transladados para a biologia humana”, explica o primeiro autor, Yuji Nashimoto, que, na época da pesquisa, estava na Escola de Engenharia de Pós-Graduação da Universidade de Kyoto e, agora, pertence ao quadro da Universidade de Tohoku. “Além disso, as células no disco Petri carecem da estrutura tridimensional e dos vasos sanguíneos, ou vasculatura, que mantêm o tumor vivo. Então, criamos um plano para construir um dispositivo que resolvesse esses problemas.”

O dispositivo, apresentado na revista Biomaterials, é do tamanho de uma moeda, com um furo de 1mm no centro. A ideia é colocar a cultura tridimensional de células tumorais nesse espaço e rodeá-la por células construtoras de vasos sanguíneos. Depois de alguns dias, os vasos crescem e se juntam à cultura.

“Essa vasculatura nos permite administrar nutrientes e medicamentos no sistema para imitar o ambiente de um tumor que cresce dentro do corpo”, esclarece Nashimoto. “Isso nos permite ter uma imagem mais clara da eficácia dos compostos para tratamento do câncer.” Com as células cancerosas crescendo como deveriam, os pesquisadores usaram uma droga antitumoral e concluíram que o dispositivo conseguiu, de fato, mimetizar o que ocorre em um tumor no organismo. (PO)