O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse estar aberto ao diálogo com dois dos seus principais opositores: Juan Guaidó e os Estados Unidos. A declaração foi dada em uma entrevista ao jornal americano The Washington Post. Desde fevereiro do ano passado, quando expulsou, abruptamente, todos os jornalistas da Univision do país, Maduro não concedia entrevistas a grandes jornais americanos.
Ao Post, ele garantiu que está pronto para negociar com Washington o fim das sanções impostas pelo presidente Donald Trump. A medida foi adotada para asfixiar a indústria petroleira venezuelana e obrigar Maduro a deixar o poder. Segundo o venezuelano, se Trump suspender as sanções, as companhias petroleiras americanas poderão se beneficiar enormemente do petróleo da Venezuela. “Uma relação de respeito e diálogo traz uma situação na qual todos ganham. Uma relação de confrontação traz uma situação na qual todos perdem. Essa é a fórmula”, afirmou.
Sob controle
Maduro ressaltou que não abre mão do seu cargo e diz ter o controle da Venezuela. Segundo ele, a melhora no relacionamento com Washington passa pela aceitação dessas questões. “Se houver respeito entre os governos, não importa o quão maior sejam os Estados Unidos, e se houver diálogo, uma troca de informação verdadeira, estejam certos de que podemos criar um tipo de relação”, disse. Quanto a Guaidó, Maduro manifestou sua disposição ao diálogo, mas rejeitou a principal demanda do oponente: a renúncia ao cargo de presidente.
O tom da entrevista difere do pronunciamento feito pelo líder chavista na semana passada, durante a prestação de contas anual à Assembleia Nacional Constituinte de Chávez. Na ocasião, Maduro ridicularizou Guaidó em vários momentos e acusou o “império norte-americano” de comandar um “bloqueio criminoso” para colapsar a economia venezuelana. De acordo com as Nações Unidas, a crise na Venezuela já levou à saída de 4,5 milhões de pessoas do país. A maioria delas tem como destino Colômbia, Equador e Peru.