A quatro dias do Fórum Econômico Mundial em Davos, no qual será um dos destaques, a ativista ambiental Greta Thunberg liderou, ontem, em Lausanne, uma nova demonstração contra a crise do clima. “Até agora, nesta década, não vemos nenhum sinal de uma ação climática real”, disse a adolescente sueca, de 17 anos, diante de uma multidão de jovens, depois de uma marcha pelas ruas da cidade suiça. “Isso tem que mudar”, acrescentou.
Dirigindo-se aos “líderes do mundo”, ela garantiu: “Vocês ainda não viram nada, podemos garantir isso; e essa é a mensagem que levaremos ao Fórum Econômico Mundial na próxima semana.” Greta Thunberg apareceu no fim da manhã em Lausanne, cercada por aproximadamente 15 mil jovens, que cantavam slogans como “sem natureza não há futuro”.
A multidão recebeu a adolescente, declarada personalidade de 2019 pela revista Time, com gritos. Juntos, avançaram pelas ruas da cidade com uma faixa que destacava “vamos mudar o sistema, não o clima”. A manifestação foi organizada pelo grupo suíço de greve climática para comemorar o primeiro aniversário do movimento na Suíça.
Greta Thunberg retornará a Davos pelo segundo ano consecutivo, para convocar a comunidade internacional e empresarial a agir diante da emergência climática. Ela encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem trocou farpas via Twitter e em quem lançou um olhar severo durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, momento registrado por um fotógrafo.
Diferenças
O presidente americano, que também esteve em Davos em 2018, fará seu discurso no mesmo dia em que os senadores americanos iniciarão seu julgamento de impeachment. “Em relação às mudanças climáticas e a muitos conflitos, os Estados Unidos e os líderes da Europa não concordam com as soluções a serem adotadas, mas também em relação à própria natureza dos problemas”, observa o diretor de pesquisa do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), Jeremy Shapiro.
Para os europeus, o clima é “um desafio existencial”, enquanto é apenas uma “mentira chinesa” para Trump. “Não há nada que sugira uma base sólida para elaborar soluções conjuntas para os espinhosos problemas globais”, disse Shapiro à agência de notícias France Presse.
Em Davos, Donald Trump não deve, porém, moderar suas posições sobre comércio ou política ambiental, como antecipa Carlos Pascual, ex-diplomata americano que se tornou vice-presidente da consultoria IHS Markit. “Ele deve aproveitar a oportunidade para enviar uma mensagem aos americanos, não à comunidade internacional”, afirmou. Em ano de eleição, acrescentou, “o objetivo será enfatizar para os eleitores nos Estados Unidos que sua prioridade número um na política internacional permanece America First”.