O ex-presidente boliviano Evo Morales se retratou nesta quinta-feira, 16, pelas declarações em que propunha a criação de "milÃcias armadas" como as venezuelanas em caso de retornar a seu paÃs. A ideia gerou fortes questionamentos.
"Há alguns dias ficaram públicas palavras minhas sobre a formação de milÃcias. Eu me retrato delas. Minha convicção mais profunda sempre foi a defesa da vida e da paz", afirmou ele, que liderou a BolÃvia de 2006 até novembro de 2019.
A frase do ex-lÃder do Estado boliviano foi alvo de protestos na BolÃvia e na Argentina, onde Evo está como refugiado polÃtico desde 12 de dezembro. "Daqui a pouco tempo, se eu voltar, é preciso organizar como na Venezuela milÃcias armadas pelo povo", havia afirmado em um áudio que foi vazado e veiculado em uma rádio boliviana.
Em nota, Morales disse não querer que nada do que tenha dito seja usado como pretexto para "perseguir e reprimir seus irmãos e irmãs".
As declarações motivaram protestos da União CÃvica Radical da Argentina, cujo presidente, Alfredo Cornejo, questionou o status de refugiado de Evo na Argentina. Após saber das declarações, a chanceler boliviana, Karen Longaric, disse que o comentário era irrelevante. "Internamente, ele já fez (o povo boliviano) conhecer todas as intenções que tem com o paÃs".
O governo transitório da BolÃvia sustenta que as declarações de Morales seriam crimes de sedição e terrorismo, e as somou a uma investigação na promotoria.
A presidente interina da BolÃvia, Jeanine Añez, ex-senadora e opositora polÃtica de Morales, disse que a gravação mostra que "paz, reconciliação e democracia nunca foram opções para ele". "Dada a intenção de semear terror e violência, eles só encontrarão o povo boliviano unido e, diante das ameaças, nossa mais profunda vocação democrática", twittou Añez na noite de domingo.
Além disso, um grupo de militares aposentados enviou uma carta ao ministro da Defesa, Luis Fernando Peredo, com revelações de que Evo idealizou em 2014 a formação de uma "Guarda Nacional do Estado Plurinacional da BolÃvia". (Com agências internacionais)