Donald Trump voltou a alertar o Irã, no domingo (12/1), contra a repressão aos protestos, mas seu secretário da Defesa, Mark Esper, garantiu que o presidente está pronto para discutir com os líderes da República Islâmica.
"NÃO MATEM SEUS MANIFESTANTES", tuitou, após uma primeira mensagem pedindo ao regime de Teerã que não cometa "outro massacre de manifestantes pacíficos".
No sábado, na capital iraniana, a polícia local dispersou manifestações estudantis, organizadas em memória das 176 vítimas mortas na queda de um avião na quarta-feira. A aeronave foi abatida "por engano" pelo Exército iraniano.
"Milhares de pessoas já foram mortas, ou presas, por vocês, e o mundo está observando vocês", escreveu Donald Trump. "Mais importante, os Estados Unidos estão observando", completou.
O inquilino da Casa Branca se referiu aos protestos que ocorreram em meados de novembro no Irã após o anúncio de um forte aumento no preço da gasolina, e que resultaram em mais de 300 mortos, segundo a ONG Anistia Internacional.
A advertência do presidente americano ocorre em um contexto muito tenso entre os Estados Unidos e o Irã, marcado por uma escalada desde o assassinato pelos americanos, em 3 de janeiro, do poderoso general Qassem Soleimani.
Na quarta-feira, as Forças Armadas iranianas dispararam mísseis contra bases iraquianas usadas pelos soldados americanos, sem causar vítimas.
Apesar das tensões, o presidente americano está pronto para discutir com o Irã "sem pré-condições", segundo afirmou o chefe do Pentágono, Mark Esper.
Os Estados Unidos estão prontos para discutir com a República Islâmica "um novo caminho, uma série de medidas que tornariam o Irã um país mais normal", disse Esper ao canal CBS.
Ameaça iminente
Vários membros do governo Trump reafirmaram no domingo que as informações coletadas pela Inteligência americana justificaram a decisão de eliminar Qassem Soleimani.
"Mostravam que eles (os iranianos) estavam interessados em instalações americanas na região e queriam fazer vítimas entre soldados, marinheiros, Força Aérea e diplomatas", garantiu o conselheiro para Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O'Brien, no canal NBC.
"A ameaça era iminente", frisou ele.
"O Irã está sendo afogado e não terá outra opção a não ser sentar à mesa", declarou o conselheiro no programa "This Week" da emissora ABC.
"Na verdade, não poderia me importar menos se negociam. Dependerá totalmente deles", disse Trump ontem à noite.
"Um ataque em larga escala aconteceria nos próximos dias", relatou Mark Esper, acrescentando que seria "em vários países e maiores do que os anteriores, provavelmente nos levando a um conflito aberto com o Irã".
Esper reconheceu, porém, que não há informações precisas sobre a suposta ameaça de ataque contra quatro embaixadas americanas, revelado por Trump na sexta-feira.
No domingo, o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, o democrata Adam Schiff, acusou o governo de ter "superestimado e exagerado o que os serviços de Inteligência indicavam".
"E, quando alguém justifica atos que podem levar a um conflito armado com o Irã, é uma estratégia perigosa", declarou o congressista em entrevista à CBS.
Vários legisladores democratas e alguns republicanos criticaram Donald Trump por não ter avisado o Congresso e pedido sua aprovação antes de ordenar o assassinato de Qassem Soleimani.
Na última quinta-feira, a Câmara de Representantes adotou uma resolução para limitar o poder do presidente americano de iniciar operações militares contra o Irã, um texto que não tem valor legal.
Ontem, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, justificou as novas sanções econômicas anunciadas na sexta-feira contra vários líderes iranianos e uma série de grupos de mineração e metalurgia.
O governo dos EUA ameaça adotar sanções contra qualquer operador que negocie com eles - americano, ou não.
"Não queremos atingir o povo iraniano", disse Mnuchin em entrevista à Fox News. "Queremos suprimir a renda que financia atos prejudiciais", completou.