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Atentado com carro-bomba deixa 79 pessoas mortas na Somália

Entre as vítimas, há pelo menos 16 estudantes e dois engenheiros turcos

A explosão de um carro-bomba deixou, neste sábado (28), 79 mortos e mais de uma centena de feridos em um bairro movimentado de Mogadíscio, em um dos ataques mais sangrentos registrados na capital da Somália, palco habitual de atentados terroristas islamitas.

O ataque ocorreu em uma área de tráfego intenso, perto de um posto de controle das autoridades e de um escritório da alfândega. O local ficou coberto de detritos e de veículos carbonizados.

"O número de mortos chega a 79 neste momento e os feridos são mais de cem", disse a jornalistas o chefe da Polícia somali, Abdi Hassan Mohammed.

Mais cedo, Abdukadir Abdirahman, diretor de um serviço particular de ambulâncias, havia informado à AFP que o número de feridos era de 125 feridos.

Um policial, Ibrahim Mohamed, chamou a explosão de "devastadora".

O presidente somali, Mohamed Abdullahi Farmaajo, condenou o ataque em declarações emitidas pela agência nacional de imprensa SONNA.

"Este inimigo tenta aplicar a vontade destruidora do terrorismo internacional, nunca fizeram nada positivo por nosso país", declarou. "Tudo que fazem é destruir e matar".

Segundo a autoridade policial Ibrahim Mohamed, "dois cidadãos turcos, aparentemente engenheiros civis envolvidos na construção de estradas, estão entre os mortos".

Em Ancara, o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, confirmou que dois cidadãos turcos "perderam a vida em um cruel atentado terrorista perpetrado em Mogadíscio". O Ministério da Defesa informou no Twitter que enviou um avião militar turco à Somália com pessoal e ajuda médica.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o atentado e garantiu que "os responsáveis por este crime horrível têm que ser levados à Justiça".

"Corpos irreconhecíveis"

Entre as vítimas, há pelo menos 16 estudantes da Universidade de Banadir.

"Um micro-ônibus transportava 17 estudantes e apenas um deles sobreviveu", explicou à AFP um aluno desta universidade privada que pediu para não ter o nome revelado.

"Tudo o que pude ver foram corpos [...] dispersos e alguns calcinados, irreconhecíveis", disse uma testemunha, Sakariye Abdukadir.

O ataque, que não foi reivindicado no momento, ocorre em um contexto de intensa atividade do grupo islâmico Al-Shabab, afiliado à Al-Qaeda.

Os insurgentes prometeram derrubar o governo da Somália, que tem o apoio da comunidade internacional e de 20.000 membros da força da União Africana na Somália (Amisom).

O Al-Shabab emergiu da União dos Tribunais Islâmicos, que controlava o centro e o sul da Somália, e estima-se que atualmente tenha de 5.000 a 9.000 membros.

O grupo radical islâmico foi expulso de Mogadíscio em 2011. Depois disso, perdeu a maioria de seus redutos.

No entanto, continua poderoso em algumas partes do país, onde realiza operações de guerrilha e atentados suicidas, incluindo na capital.

Seus alvos costumam ser governamentais, forças de segurança e civis.

Duas semanas atrás, cinco pessoas morreram em um ataque do Al-Shabab em um hotel de Mogadíscio, muito frequentado por políticos, militares e diplomatas.

Desde 2015, 13 ataques foram realizados na Somália. O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295.