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Cristãos celebram o Natal em Belém

Visitantes de diferentes países participam das festividades de fim de ano na cidade em que, segundo a tradição religiosa, Jesus nasceu. As autorizações para que palestinos da Faixa de Gaza visitem o local foram emitidas em cima da hora e seguiram "avaliações de segurança"






Cristãos de todo o mundo estão em Belém para participar das celebrações natalinas. Poucos, porém, são da Faixa de Gaza. Seguindo o que tem se tornado um padrão, Israel inicialmente negou os pedidos dos visitantes que moram no território palestino e concedeu algumas permissões a poucas horas das festividades. Ainda assim, com fortes restrições. Segundo Wadi Abu Nasar, porta-voz das Igrejas da Terra Santa, 192 pessoas foram autorizadas a deixar a Faixa de Gaza, de um total de 950 solicitações.

Qualquer palestino que deseje sair de Gaza para ir à Cisjordânia, ambos territórios palestinos, deve atravessar Israel e obter uma permissão previamente emitida pelas autoridades israelenses. No domingo, pelo Twitter, o general Kamil Abu Rukun, chefe das Atividades Governamentais nos Territórios Palestinos (Cogat), escreveu que os vistos seriam concedidos baseados em ;avaliações de segurança;. No dia seguinte, começaram a sair as autorizações.

Ontem, nos portões da Igreja da Natividade de Belém, uma longa fila de fiéis crescia à medida que a manhã avançava. Todos desejam passar alguns segundos no local em que, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu. A pequena gruta é acessada por uma escada estreita, localizada atrás do altar da basílica.

Este ano os fiéis também puderam contemplar uma pequena relíquia que chegou, na sexta-feira, a Belém: um fragmento do que se acredita ser a manjedoura de Jesus. Ela esteva no Vaticano, longe da Terra Santa por mais de 1.300 anos. ;É importante porque faz parte da estrutura de madeira do presépio original de Belém. Essa estrutura de madeira deixou a Terra Santa por volta do ano 640;, diz o custódio da Terra Santa, Francesco Patton.

Calmaria

O início das celebrações se deu em um ambiente calmo e festivo, mas as autoridades de segurança seguem alertas, já que a festa de Natal costuma ser tensa em Belém devido aos conflitos na região. Em 2017, a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel provocou manifestações quase diárias nos territórios palestinos e também em Belém. Em 2015, uma onda de violência anti-Israel alterou as festas de fim de ano. Em três meses, 150 pessoas morreram em Israel e nos territórios palestinos. A maioria delas era palestina.

Segundo Wadi Abu Nasar, porta-voz das Igrejas da Terra Santa, a expectativa é de que este Natal continue sendo um ;tempo de esperança;. ;A Terra Santa não é apenas o local de nascimento e crucificação (de Jesus), é também o local da ressurreição;, disse, em entrevista à agência France-Presse de Notícias (AFP). ;Apesar de todos os desafios, dificuldades, dores e problemas que enfrentamos, temos esperança em Deus e nas pessoas.;

Localizada a apenas 10 quilômetros de distância de Jerusalém, mas separada por um muro construído por Israel há 15 anos, Belém recebeu um número significativo de turistas neste ano devido à relativa calma no conflito. Segundo o ministro do Turismo palestino, Rula Mayaa, 3,5 milhões de pessoas visitaram a cidade em 2019.