Agência France-Presse
postado em 24/12/2019 09:46
[FOTO1515321]Cristãos de todo o mundo começaram a chegar desde as primeiras horas desta terça-feira (24/12) na igreja da Natividade de Belém, onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu.
Em um ambiente calmo e festivo, palestinos e estrangeiros lotavam gradualmente o centro desta pequena cidade, localizada na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos.
Nos portões da Basílica, uma longa fila de fiéis crescia à medida que a manhã avançava.
Todos desejam passar alguns segundos no local onde se acredita que Jesus nasceu, uma pequena gruta que é acessada por uma escada estreita, localizada atrás do altar da igreja.
Ola veio da Nigéria e está emocionada em poder passar o Natal em um lugar tão especial. Diante dela, várias dezenas de crianças palestinas vestidas de azul, amarelo e branco, desfilam tocando gaitas e tambores.
"Que atmosfera linda", diz Jeanine, que veio da França.
"Estou tão animada por estar aqui hoje, é maravilhoso", suspira Germana, uma italiana, que veio de Nápoles com o marido e os dois filhos.
Pierbattista Pizzaballa, administrador apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém, chegará a Belém pela manhã, onde celebrará a missa do galo na Igreja de Santa Catalina, ao lado da Basílica da Natividade.
Espera-se também que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, participe desta missa.
Este ano, os fiéis também podem contemplar uma pequena relíquia que acaba de voltar a Belém do Vaticano: um fragmento do que se acredita ser a manjedoura de Jesus que esteve longe da Terra Santa por mais de 1.300 anos.
"É importante porque faz parte da estrutura de madeira do presépio original de Belém. Essa estrutura de madeira deixou a Terra Santa por volta do ano 640", segundo o Custódio da Terra Santa, Francesco Patton.
Poucos cristão de Gaza
Em Belém, haverá milhares de estrangeiros, mas poucos cristãos da Faixa de Gaza, já que Israel concedeu poucas permissões de viagem.
Qualquer palestino que deseje sair de Gaza para ir à Cisjordânia, ambos territórios palestinos, deve atravessar Israel e obter uma permissão previamente emitida pelas autoridades israelenses.
Cerca de 200 pessoas foram autorizadas a deixar a Faixa de Gaza, de um total de 950 solicitações, segundo Wadi Abu Nasar, porta-voz das Igrejas da Terra Santa.
Mas o Natal, diz esse cristão, deve continuar sendo um tempo de esperança. "A Terra Santa não é apenas o local de nascimento e crucificação (de Jesus), é também o local da ressurreição", disse ele à AFP.
"Apesar de todos os desafios, dificuldades, dores e problemas que enfrentamos, temos esperança em Deus e nas pessoas", acrescentou.
A festa de Natal costuma ser tensa em Belém devido ao conflito entre israelenses e palestinos.
Em 2017, a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel provocou manifestações quase diárias nos territórios palestinos. Também em Belém, uma cidade tradicionalmente ligada a Jerusalém, localizada a apenas 10 km de distância, mas separada por um muro construído por Israel há 15 anos.
Em 2015, uma onda de violência anti-Israel alterou as festas de fim de ano. Em três meses, 150 pessoas, a maioria palestinas, morreram em Israel e nos territórios palestinos.
Este ano, Belém está recebendo um número significativo de turistas devido à relativa calma no conflito.
O ministro do Turismo palestino, Rula Mayaa, explicou que 3,5 milhões de pessoas visitaram Belém este ano.