<div style="text-align: justify">[FOTO1]No dia seguinte aos <strong>tumultos</strong> em uma universidade em <strong>Nova Délhi</strong>, o movimento de protesto contra uma <strong>lei de cidadania</strong>, considerada antimuçulmana por seus detratores, intensificou-se nesta segunda-feira (16/12) na Índia, um desafio para o governo de Narendra Modi. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Essa lei foi aprovada na semana passada facilita a atribuição da cidadania indiana a refugiados do Afeganistão, Bangladesh e Paquistão, mas com a condição de que eles não sejam muçulmanos. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Para a maioria dos críticos, este texto responde à vontade do poder nacionalista hindu de marginalizar a minoria muçulmana no país de 1,3 bilhão de habitantes. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">No nordeste da Índia, berço do movimento e onde <strong>seis pessoas </strong>já morreram, os manifestantes se opõem a essa lei, argumentando que isso causará um fluxo de refugiados hindus da fronteira de Bangladesh para sua região, onde já existe um frágil equilíbrio intercomunitário. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O movimento protesta contra a chamada <strong>Lei de Emenda da Cidadania</strong> (CAB), que facilitará o acesso à nacionalidade de migrantes de países vizinhos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Os grupos islâmicos, partidos da oposição e organizações de direitos civis consideram a nova lei como mais um passo na agenda nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi para marginalizar os 200 milhões de muçulmanos do país.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Nesta segunda, um dia após violentos distúrbios entre manifestantes e policiais em uma universidade da capital, novos protestos foram realizados em Nova Délhi, Chennai, Bangalore e Lucknow. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Na última cidade, centenas de estudantes muçulmanos atiraram pedras contra a polícia que se protegia atrás de um muro, segundo imagens transmitidas pela televisão. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O primeiro-ministro Modi denunciou no Twitter os "grupos com interesses ocultos que buscam semear a divisão" e disse que a nova lei reflete "a cultura multissecular de aceitação, harmonia, compaixão e fraternidade da Índia". </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em Calcutá, capital do estado de Bengala Ocidental, milhares de pessoas participaram de uma grande marcha convocada pela chefe da executiva local Mamata Banerjee (oposição). </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">[SAIBAMAIS]Em Kerala (sul), também controlada pela oposição, várias centenas de pessoas se concentraram para protestar. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O opositor Rahul Gandhi, cujo Partido do Congresso perde para os nacionalistas hindus nas pesquisas, chamou a lei de "arma de polarização em massa lançada por fascistas na Índia". </div><h3 style="text-align: justify">Cenas de caos </h3><div style="text-align: justify">No domingo, manifestantes e policiais entraram em confronto violento na Universidade de Jamia Millia Islamia, em Nova Délhi, deixando seis mortos, quatro por disparos policiais, em meio a cenas de caos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">As autoridades mantêm o corte da internet e o toque de recolher em algumas áreas da região.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O epicentro das tensões é Guwahati, a maior cidade do estado de Assam. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Cerca de 5 mil pessoas participaram das manifestações, sob o olhar atento de centenas de policiais.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O chefe do governo do estado, Mamata Banerjee, que criticou o governo por promover a lei, suspendeu a internet em vários distritos. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Os manifestantes queimaram pneus, cortaram estradas e trilhos de trem e queimaram trens e ônibus, forçando a interrupção do serviço em algumas áreas. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O ministro do Interior da Índia, Amit Shah, pediu calma e disse que a cultura dos estados do nordeste não está ameaçada. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"A cultura, a linguagem, a identidade social e os direitos políticos de nossos irmãos e irmãs no nordeste permanecerão intactos", afirmou Shah em uma manifestação no estado de Jharkhand, no leste, segundo a rede de televisão News18.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Várias organizações e um partido muçulmano levaram a lei ao Supremo Tribunal, justificando que ela é contrária à Constituição indiana e às suas tradições seculares.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O nordeste pobre da Índia, um mosaico de povos e grupos étnicos, é uma região onde há confrontos frequentes entre comunidades.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A imigração é uma questão muito sensível para as comunidades originárias, principalmente devido à proximidade de Bangladesh.</div>