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Em relatório divulgado ontem, o escritório da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou um alto número de abusos praticados na repressão policial às manifestações no Chile. ;Essas violações incluem o uso excessivo e desnecessário da força que causou mortes e ferimentos ilícitos, tortura e maus-tratos, violência sexual e detenções arbitrárias;, assinala um comunicado. Os enviados por Bachelet, ex-presidente do Chile, ficaram no país durante três semanas no mês passado.
Nesse período, foram coletadas evidências, que, segundo a equipe das Nações Unidas, respaldam a avaliação de que, ;desde 18 de outubro, foi cometido um alto número de violações de direitos humanos;. ;O gerenciamento das manifestações pelos carabineros (a polícia chilena) foi realizado de maneira fundamentalmente repressiva. Os carabineros falharam repetidamente em cumprir o dever de distinguir entre pessoas que se manifestaram pacificamente e manifestantes violentos;, conclui.
Os especialistas ficaram particularmente impressionados com o ;número alarmante de pessoas com lesões nos olhos, ou no rosto;, resultado do que classificaram como ;uso desproporcional e, às vezes, desnecessário; de armas de choque. ;Quanto às responsabilidades individuais na polícia, não podemos tirar conclusões;, disse Imma Guerras-Delgado, chefe da missão no Chile, em uma entrevista coletiva em Genebra.
O governo de Sebastián Piñera lamentou o ;elevado número; de denúncias de abusos policiais recebido pela equipe de Bachelet, mas destacou que foram registrados em um ;contexto; de violência que envolveu intensos protestos sociais. ;Cada uma das denúncias está sendo investigada e será sancionada;, disse a subsecretária de Direitos Humanos, Lorena Recabarren, em mensagem divulgada na Casa de Governo.
As manifestações sociais que eclodiram em 18 de outubro no Chile causaram a crise mais profunda desde o retorno do país à democracia em 1990. Nos protestos, foram contabilizados mais de 20 mortos e milhares de feridos.
Durante as três semanas em que permaneceu no Chile, a equipe da ONU documentou ;113 casos específicos de tortura e maus-tratos e 24 casos de violência sexual contra mulheres, homens e meninos e meninas adolescentes, cometidos por membros da polícia e militares;. O grupo se reuniu com mais de 300 membros da sociedade civil e realizaram, de acordo com as informações divulgadas ontem, 235 entrevistas com vítimas de supostas violações dos direitos humanos, além de 60 entrevistas com oficiais de carabineros.
O relatório não se limitou a uma denúncia contra as forças de segurança, mas indicou que as autoridades tinham informações sobre a extensão dos feridos desde 22 de outubro. ;A ação rápida de autoridades responsáveis poderia ter evitado que outras pessoas sofressem ferimentos graves;, observaram os enviados.