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Em mais um passo visando a abertura de processo de impeachment de Donald Trump, parlamentares democratas publicaram ontem a ata com as duas acusações contra o presidente dos Estados Unidos. De acordo com o documento de nove páginas, divulgado pelo Comitê Judiciário da Câmara de Representantes, o chefe da Casa Branca praticou crime de abuso de poder por reter ajuda militar para a Ucrânia em troca de o país iniciar uma investigação para prejudicar um rival político nos Estados Unidos. Além disso, aponta o relatório, o magnata republicano foi acusado por obstrução ao Congresso por contestar as citações durante a investigação.
;Quando o presidente trai a confiança e se põe à frente do país, põe a Constituição e a democracia em risco, e põe a segurança nacional em risco;, ressaltou o presidente do Comitê Judiciário da Câmara, o representante Jerry Nadler, em entrevista coletiva. Se a Câmara votar a favor do impeachment, Trump será o terceiro presidente americano a ser submetido a um julgamento político. Mas é muito improvável que o processo sobreviva no Senado, controlado por republicanos: são necessários dois terços dos votos para a aprovação.
A reação de Trump não tardou. Por meio da secretária de imprensa, Stephanie Grishman, a Casa Branca destacou que os democratas investem contra o presidente porque não conseguirão derrotá-lo nas nas eleições do próximo ano. ;Os democratas há muito tempo querem dar uma volta nos votos de 63 milhões de americanos. Eles determinaram que deveriam acusar o presidente Trump porque não podem vencê-lo legitimamente nas urnas;, assinalou, em comunicado. Ela enfatizou ainda que as acusações prejudicam os americanos e disse que o governo espera que Trump se livre do processo ;porque não fez nada de errado;.
Interesses eleitorais
Jerry Nadler apresentou as acusações em uma mensagem solene no Capitólio, tendo a seu lado a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. Ao fim de dois meses de investigações, os legisladores democratas sustentaram no documento que Donald Trump segurou, por interesses eleitorais e pessoais, ajuda militar para a Ucrânia para enfrentar a ameaça dos separatistas pró-russos no leste do território.
Ele também é acusado de oferecer uma visita à Casa Branca ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em troca de Kiev abrir uma investigação contra o ex-vice-presidente Joe Biden, um de seus principais rivais democratas na eleição de 2020.
Segundo a ata, Trump cometeu ainda obstrução ao tentar bloquear os esforços do Congresso de investigar suas ações. Os adversários do presidente alegam que a Constituição foi violada, uma vez que concede ao Legislativo um mandato de supervisão do Poder Executivo.
;A evidência sobre a conduta do presidente é esmagadora e indiscutível;, classificou Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara Baixa. Ele destacou que os parlamentares não teriam como ignorar os atos de Trump sem que se tornassem ;cúmplices; dessas irregularidades. ;Os contínuos abusos de poder não nos deixam outra opção;, decretou.
Segundo as estimativas, o processo no Senado tramitaria em janeiro. Antes de Trump, dois presidentes americanos enfrentaram um julgamento político: Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998. Ambos foram absolvidos no Senado. O republicano Richard Nixon renunciou antes da votação.
Críticas a diretor do FBI
Christopher Wray, diretor do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, foi alvo ontem de duras críticas do presidente Donald Trump, que o acusou de minimizar o relatório divulgado sobre a abertura de uma investigação a respeito da interferência russa na vitoriosa campanha eleitoral de 2016 do republicano. ;Com esse tipo de atitude, nunca será capaz de pôr em ordem o FBI, que está numa situação muito ruim;, disse o presidente.