<div style="text-align: justify">[FOTO1]Os presidentes do <strong>Mercosul</strong> se reúnem nesta quinta-feira (5/12) em Bento Gonçalves em uma <strong>cúpula</strong> em que o presidente <strong>Jair Bolsonaro</strong> tentará fortalecer uma orientação a favor do livre mercado no bloco antes da posse do peronista <strong>Alberto Fernández</strong> como presidente da <strong>Argentina</strong>.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O encontro semestral do bloco, formado também por Paraguai e Uruguai, será marcado pela transição e a reorientação política na Argentina e no Uruguai, motivo pelo qual são esperados poucos resultados concretos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em cinco dias, o neoliberal Mauricio Macri, que contou com declarações de apoio de Bolsonaro nas eleições argentinas, passará a faixa presidencial a Fernández, com quem o presidente brasileiro mantém uma relação de animosidade. Os atritos geram uma preocupação relativa aos negócios e a eventuais consequências no processo de ratificação do acordo de livre comércio assinado neste ano com a União Europeia (UE).</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">No Uruguai, o presidente socialista Tabaré Vázquez será substituído em março pelo liberal Luis Lacalle Pou, vencedor das eleições de novembro, encerrando 15 anos de governos de esquerda.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Bolsonaro, que tem no presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, um aliado aproveitou na quarta-feira sua condição de anfitrião para advertir que a Argentina "perde muito mais" no caso de tensões com o Brasil, mas ressaltou que apostará no "pragmatismo" das relações bilaterais.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Mais tarde, na reunião de ministros das Relações Exteriores, o chanceler Ernesto Araújo afirmou que "acabou o Mercosul retórico e ineficiente".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"O Brasil está pronto para continuar trabalhando com todos por um Mercosul à luz do Sol, não na caverna. Construir pontes com espírito construtivo, pragmático. Não queremos construir pontes com um passado recente e desastroso", posicionou-se Araújo, em um recado velado a Fernández.</div><h3 style="text-align: justify">"Retórica belicosa"</h3><div style="text-align: justify">Bolsonaro não parabenizou Fernández por sua vitória nas urnas e não comparecerá à cerimônia de posse em 10 de dezembro, incomodado pela campanha do peronista em favor da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">[SAIBAMAIS]O governo brasileiro chegou a ameaçar deixar o Mercosul, com medo que Fernández, herdeiro de uma economia em crise, adote políticas protecionistas.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O Mercosul enfrentará um de seus temas mais espinhosos: a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), a elevada taxa - de 13% a 14%- sobre importações de produtos de fora do bloco.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Segundo analistas, o pragmatismo que Bolsonaro tem demostrado nas relações com Estados Unidos e China, seus dois principais parceiros comerciais que se enfrentam em uma guerra comercial, deverá prevalecer também no caso da Argentina, considerada a interdependência das duas economias.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina e Argentina o terceiro do Brasil, embora seja seu principal comprador de produtos industrializados.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"Esta retórica mais belicosa tenta posicionar o governo brasileiro na mesa de negociações para conseguir mais concessões do governo argentino", disse à AFP Thomaz Favaro, analista do Control Risks.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"O governo de Brasil dará o benefício da dúvida ao novo governo argentino em relação à sua política comercial, antes de adotar qualquer atitude drástica", acrescentou.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O anúncio do presidente americano, Donald Trump, de taxar as importações de aço e alumínio de Brasil e Argentina colocou nesta semana os dois países no mesmo barco, a contragosto do governo brasileiro, que busca uma posição de aliado estratégico de Washington.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Também estarão presentes na cúpula representantes de países que enfrentam violentas crises políticas e protestos sociais, entre eles a Bolívia, país que está em processo de adesão ao bloco, assim como Chile e Colômbia.</div>