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Relatório final de impeachment vê abuso de Trump

A Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados dos EUA divulgou ontem o relatório final sobre o processo de impeachment do presidente Donald Trump. O documento compila, em 300 páginas, depoimentos e informações coletados durante a investigação e acusa Trump de abusar do poder presidencial para solicitar interferência estrangeira nas eleições de 2020. O texto também afirma que o presidente cometeu tentativa de obstrução de Justiça. Deputados do Partido Democrata, de oposição a Trump, lideram a Comissão de Inteligência e, desde que o processo de julgamento político foi aberto, no final de setembro, a legenda vem reunindo informações de que o presidente pressionou o governo da Ucrânia a conduzir uma investigação que prejudicasse Joe Biden, vice-presidente dos EUA no governo Barack Obama. Biden é hoje um dos principais adversários políticos de Trump na campanha eleitoral do ano que vem. No relatório divulgado ontem, a Comissão de Inteligência indica que Trump "colocou os próprios interesses pessoais e políticos acima dos interesses nacionais dos EUA e desgastou a segurança nacional". "As provas da má conduta do presidente são esmagadoras, assim como as evidências de sua obstrução ao Congresso", diz o relatório. Os depoimentos de diplomatas e funcionários do governo apontam que Trump condicionou a liberação de US$ 391 milhões em assistência militar à Ucrânia à abertura de uma investigação sobre o filho de Biden, Hunter, que trabalhou em uma empresa ucraniana. A Comissão de Inteligência delega ao Congresso a definição sobre o afastamento ou não do presidente. O relatório será encaminhado para a Comissão de Justiça da Câmara, que hoje iniciará audiências para discutir se os atos do presidente constituem crimes que justifiquem sua remoção do cargo. Trump rejeitou participar de depoimentos no Congresso. O impeachment é votado em artigos, que definem os crimes que podem ter sido cometidos pelo agente público. A comissão ainda deve elaborar os artigos que serão votados. Para que o afastamento seja aprovado pela Câmara, é necessária uma maioria simples. Depois disso, o tema passa a ser discutido no Senado, onde Trump tem maioria e a oposição vê com ceticismo a possibilidade de conseguir os dois terços de votos necessários para remover o presidente. Trump está em Londres, para cúpula da Otan, e acusou a oposição democrata de agir com motivação eleitoral. Imposto de renda Um tribunal federal de recursos em Nova York decidiu que dois bancos devem entregar registros financeiros de Trump a comitês de investigadores dos democratas na Câmara. O Deutsche Bank e o Capital One foram intimados a entregar o imposto de renda de Trump e de sua família. A defesa do presidente entrou na Suprema Corte contra o pedido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.