<div style="text-align: justify">[FOTO1]Ao menos <strong>13 manifestantes </strong>morreram nesta quinta-feira (28/11) em Nassiriya, sul do Iraque, um dia após o <strong>incêndio do consulado</strong> do Irã na cidade sagrada xiita de Najaf, o que representa uma escalada nos <strong>protestos</strong> contra o governo.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Centenas de manifestantes que gritavam "Fora Irã" e "Vitória para o Iraque" na área do consulado em chamas, na simbólica cidade sagrada que recebe milhões de peregrinos a cada ano, sobretudo do Irã, iniciaram uma nova etapa do primeiro movimento social espontâneo no Iraque em décadas.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Treze manifestantes morreram atingidos por tiros e quase 100 ficaram feridos durante a operação para desalojar duas pontes de Nassiriya, marcos das lutas sociais no país, informaram fontes médicas e das forças de segurança.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">As autoridades Nassiriya decretaram toque de recolher na província, mesma medida que já havia sido adotada em Najaf.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">As forças de segurança foram mobilizadas nos arredores da cidade e revistavam as pessoas e veículos na zona central.</div><h3 style="text-align: justify">Novos comandantes militares</h3><div style="text-align: justify">A operação em Nassiriya acontece um dia depois da nomeação de um novo comandante militar para a província, as autoridades nacionais estão recorrendo aos militares para enfrentar um movimento que, desde 1 de outubro, deixou mais de 360 mortos e 15.000 feridos, de acordo com um balanço compilado pela da AFP. O governo iraquiano não divulga números oficiais.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">[SAIBAMAIS]Bagdá acusou pessoas "alheias às manifestações legítimas de tentar prejudicar as relações históricas entre os dos países" com o incêndio do consulado iraniano de Najaf.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em Teerã, que considera o movimento de protesto no Iraque um "complô", o ministério das Relações Exteriores do Irã pediu "ação decisiva, eficaz e responsável contra os agentes da destruição e os agressores".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em dois meses de manifestações, os iraquianos não escondem a irritação com o país vizinho.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Os manifestantes consideram que o sistema político instaurado pelos americanos, que derrubaram o regime de Saddam Hussein na invasão de 2003, está esgotado.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Eles criticam sobretudo a influência crescente do Irã e de seu poderoso emissário para assuntos iraquianos, o general Qassem Soleimani, encarregado das operações no exterior do exército ideológico da República Islâmica.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Os iraquianos querem uma reforma profunda do sistema político e a renovação total da classe política, considerada corrupta e inepta. Oficialmente, 410 bilhões de euros foram desviados em 16 anos, o que representa duas vezes o PIB do país.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Os dois países com maior influência no Iraque, Estados Unidos e Irã, mantêm uma batalha de influência no Oriente Médio, mas Teerã assumiu a dianteira, enquanto Washington está de saída.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O general Soleimani conseguiu reunir o apoio dos partidos em torno do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, enquanto o governo americano se limita a fazer declarações oficiais. O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, que viajou ao Iraque na semana passada, ignorou as autoridades de Bagdá e se limitou a visitar as tropas de seu país e a sede do governo autônomo do Curdistão.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A vida no país está quase paralisada. No sul, as escolas permanecem fechadas há semanas e os prédios públicos exibem cartazes com a frase "fechado por ordem do povo".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Nas ruas e estradas, os manifestantes queimam pneus para bloquear o transporte de petróleo, em uma tentativa de afetar a fonte de receitas do governo.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Mas até o momento não conseguiram prejudicar a produção e distribuição de petróleo, que representa 95% do faturamento de um governo muito endividado.</div>