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Explosão social no Chile...

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Incêndios, saques e manifestações ainda ocorrem em várias cidades do Chile, cinco semanas depois do início da crise social no país. Por enquanto, nenhuma medida anunciada pelo governo do presidente Sebastián Piñera e nenhum acordo político conseguiu aplacar a violência. Apesar de os protestos terem perdido em densidade, os focos de violência se mantêm no centro de Santiago e em bairros periféricos, como Puente Alto, Quilicura e Maipú. Na noite de quinta-feira, os moradores viveram momentos de terror, com ataques simultâneos às lojas, quartéis de polícia e postos de gasolina.

Em Quilicura, ao norte de Santiago, um shopping ficou destruído após uma multidão saquear várias lojas e atear fogo ao estabelecimento, impedindo a passagem dos bombeiros. Horas antes, o prefeito Juan Carrasco tinha denunciado que um menor fora torturado pela polícia neste local. Em Puente Alto, outro setor periférico da classe trabalhadora, um posto de gasolina, várias lojas e um quartel policial foram atacados. Em Antofagasta, sede de uma das maiores mineradoras do mundo, violentos protestos mudaram a rotina da cidade, ontem. Um motorista feriu cinco pessoas ao investir seu carro contra um grupo de pedestres. Na sequência, um supermercado foi saqueado.

O aumento da violência, a qual chegou a arrefecer após o acordo por uma nova Constituição obtido há uma semana, levou o governo a voltar a pedir calma. ;Quero fazer um apelo profundo e sincero a todas as forças políticas para que façam um pedido pela paz;, disse o ministro do Interior, Gonzalo Blumel. ;É a missão mais importante que temos hoje em dia como país;, acrescentou, após relatar que mais de 700 pessoas foram detidas na quinta-feira.

No porto de Valparaíso e na cidade de Viña del Mar, também foram registrados saques, barricadas e incêndios, assim como em Concepción (sul). Ontem, Blumel anunciou que antecipará o ingresso de 2,5 mil novos policiais, para reforçar o contingente nas ruas. Controlar a ordem pública e fazer avançar reformas sociais que respondam aos pedidos das ruas é o principal desafio de Sebastián Piñera. ;O que tentei fazer como presidente é compatibilizar a ordem pública com os direitos humanos e as demandas sociais com manter nossa economia saudável. Não tem sido fácil;, admitiu anteontem o mandatário de direita, durante um encontro com jornalistas da imprensa estrangeira. Na quinta-feira, a Anistia Internacional denunciou uma política deliberada para punir os manifestantes durante os protestos. Desde 18 de outubro, o número de mortos chega a 22.


...e toque de recolher em Bogotá


O prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, decretou toque de recolher em toda a capital colombiana, depois da ocorrência de distúrbios em meio aos protestos contra o presidente Iván Duque. ;A partir das 20h (22h em Brasília), toque de recolher nas localidades de Bosa, Ciudad Bolívar e Kennedy. A partir das 21h, em toda a cidade. Os dois toques permanecem até as 6h de sábado;, disse o prefeito em entrevista coletiva. Durante o dia, foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais perto de estações de transporte público, afetadas por depredações e bloqueios. Na mesma área ocorreram saques a supermercados (foto) e ataques contra ônibus. No departamento de Valle del Cauca, cuja capital é Cali, três pessoas morreram durante os distúrbios. Dois em Buenaventura, o principal porto do país, em um ;confronto; com as forças públicas quando tentaram saquear um shopping center. A terceira vítima fatal foi registrada na Candelária.