[FOTO1]O presidente boliviano, Evo Morales, declarou no fim da tarde deste domingo (10/11) a renúncia ao cargo. O comunicado foi feito pela televisão, horas após as Forças Armadas e a polícia do país sugerirem que ele deixasse o posto. O vice-presidente, Álvaro García Linera, também desocupa o cargo.
;Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais;, disse Morales em discurso televisionado, referindo-se a líderes opositores que convocaram protestos ele, desde o dia seguinte às eleições de 20 de outubro. Nas últimas três semanas, desde as eleições que poderiam reconduzir Morales ao quarto mandato, a Bolívia foi tomada por protestos.
"O golpe de Estado se consumou", disse o vice-presidente Álvaro García Linera, sentado ao lado de Morales. Linera também anunciou sua renúncia. Dois ministros e o presidente da Câmara dos Deputados já haviam deixado os cargos.
Imediatamente após o anúncio, houve comemoração nas ruas de La Paz, com milhares de manifestantes soltando rojões e balançando bandeiras bolivianas.
O candidato opositor e ex-presidente Carlos Mesa afirmou que os bolivianos "deram uma lição ao mundo" ao protagonizarem três semanas de protestos nas ruas. "Amanhã a Bolívia será um país novo", declarou Mesa à imprensa na praça Murillo, em frente à sede do governo.
Mais cedo neste domingo, o presidente havia convocado novas eleições, depois de relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontar fraude no pleito anterior.
"A comissão da auditoria da OEA tomou uma decisão política" ao exigir novas eleições na Bolívia, declarou Morales pela televisão pouco depois de anunciar sua renúncia à presidência do país. "Alguns técnicos da OEA estão a serviço de grupos de poder", acrescentou. "A vida não acaba aqui. A luta continua", disse.
Evo Morales ficou recluso neste domingo na zona cocalera de Chimoré, seu berço político na região central de Cochabamba, para anunciar sua renúncia. Ele chegou à tarde a bordo do avião presidencial ao aeroporto de Chimoré, no centro do país, acompanhado pelo vice-presidente Álvaro García Linera. Em Chimoré, Morales ganhou notoriedade no final da década de 1980 como combativo líder dos produtores de folha de coca, um cultivo tradicional.
Eleições conturbadas
Em 20 de outubro, Morales teve a vitória nas urnas apontada pelo órgão responsável por apurações eleitorais na Bolívia. Com 47% dos votos válidos, em comparação com os 36% do opositor Carlos Mesa, Morales foi apontado como vencedor no primeiro turno.
Reações
O presidente Jair Bolsonaro reagiu, no Twitter, aos acontecimentos na Bolívia: "Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales". O pesselista aproveitou ainda para elogiar o voto impresso.
O ex-presidente Lula, que deixou a carceragem da PF na sexta-feira (8/11), lamentou o que chamou de "golpe de estado na Bolívia".
Com informações da Agência France-Presse.