<div style="text-align: justify">[FOTO1]A Câmara de Representantes dos Estados Unidos admitiu formalmente nesta terça-feira (29/10), por ampla maioria, a ocorrência do "genocídio armênio", durante votação que provocou aplausos no plenário, em meio ao aumento das tensões entre Washington e Ancara.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A resolução, aprovada por 405 votos contra 11, convoca a "lembrar o genocídio armênio", a "rejeitar as tentativas (...) de associar o governo americano à negação do genocídio armênio" e a educar sobre estes fatos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Foi a primeira vez que uma resolução sobre este tema foi submetida a uma votação em plenário em uma das Casas do Congresso americano.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Trinta países e a maioria dos historiadores reconhecem o genocídio armênio. Segundo estimativas, entre 1,2 milhão e 1,5 milhão de armênios morreram na Primeira Guerra Mundial nas mãos de tropas do Império Otomano, então aliado da Alemanha e do Império austro-húngaro.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A Turquia, herdeira política do Império Otomano, repudia o uso da palavra "genocídio" e fala de massacres recíprocos em um contexto de guerra civil e fome, que deixou centenas de milhares de mortos entre turcos e armênios.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em Ancara, o governo turco rejeitou energicamente a posição dos deputados americanos, um gesto que definiu como um "passo político sem sentido" em um momento de "extrema fragilidade" no campo da segurança.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"Como um passo político sem sentido, orienta-se unicamente ao lobby armênio e aos grupos anti-Turquia", destacou a chancelaria turca em nota oficial para expressar a esperança de que os responsáveis pela decisão "sejam julgados pela consciência do povo americano".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Nesta quarta-feira, a Turquia convocou o embaixador americano em Ancara.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O embaixador David Satterfield foi convocado ao ministério das Relações Exteriores pela "decisão sem fundamentos jurídicos adotada pela Câmara de Representantes", indicaram fontes do governo.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A convocação também está relacionada com a aprovação pela Câmara de Representantes de um texto que prevê sanções contra autoridades turcas em relação à ofensiva de Ancara contra os curdos na Síria.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Já o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, elogiou a decisão, que qualificou de "passo valente em direção à verdade e à justiça histórica, que também oferece consolo aos milhões de descendentes dos sobreviventes do genocídio".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"A Armênia agradece profundamente aos membros da Câmara de Representantes por sua votação resoluta e impressionante (...) que demonstra fidelidade infinita à verdade, à justiça, humanidade, solidariedade e aos valores universais dos direitos humanos", afirmou o ministério armênio das Relações Exteriores em um comunicado.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">[SAIBAMAIS]Em abril de 2017, pouco depois de assumir a Casa Branca, o presidente Donald Trump definiu o massacre dos armênios, em 1915, como "uma das piores atrocidades de massa do século XX", embora tenha evitado usar a palavra "genocídio". Ancara demonstrou sua inconformidade na ocasião e criticou a "desinformação" do presidente americano.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Antes de ser eleito em 2008, seu antecessor, Barack Obama tinha se comprometido a reconhecer o genocídio, embora não o tenha feito em seus dois mandatos na Presidência.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O reconhecimento do "genocídio" e o texto sobre a ofensiva turca na Síria foram aprovados em um momento de tensão entre Estados Unidos e Turquia, aliados na Otan.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O presidente Trump deixou a via livre para uma ofensiva turca na Síria contra combatentes curdos - aliados dos Estados Unidos na luta contra o jihadismo -, ao retirar as forças americanas do norte do país no começo de outubro.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Mas, diante das críticas suscitadas por esta decisão nos Estados Unidos, o governo Trump anunciou medidas de punição contra a Turquia, antes de anulá-las a partir de um cessar-fogo negociado com Ancara.</div>