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Estado Islâmico no teste da sucessão

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Enquanto continuavam a emergir detalhes sobre as circunstâncias da morte do líder máximo do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, analistas e observadores que acompanham e estudam a trajetória do grupo jihadista começavam ontem a discutir as perspectivas futuras para os remanescentes. Embora sejam praticamente unânimes na avaliação de que a perda do dirigente não significa o fim da organização, os estudiosos adiantam que não existe uma linha clara de sucessão nem um nome que se destaque como candidato a assumir a posição do líder, que acionou um colete-bomba quando foi encurralado por um comando de elite americano na casa onde se escondia, no norte da Síria.

Com o anúncio de que também o porta-voz do EI, Abu al-Mujahir, for morto em um ataque na mesma região, o especialista iraquiano Hisham al-Hashemi aponta inicialmente dois possíveis nomes: o tunisiano Othman al-Tunsi e o o saudita Saleh al-Juzrawi, também conhecido como Hajj Abdallah. Do primeiro, sabe-se pouca coisa além do fato de que preside a Shura (conselho político) do grupo. Quanto ao segundo, chefia o ;conselho de delegados;, que tem atribuição mais executiva. O iraquiano Abdallah Qardash, ex-oficial das tropas de Saddam Hussein, era outro candidato a suceder al-Baghdadi, com quem esteve sob custódia das tropas americanas em 2004, mas seu paradeiro é desconhecido e vários familiares confirmam que ele teria morrido em 2017.

Seja quem for o escolhido, deverá enfrentar a difícil tarefa de recompor as fileiras jihadistas, duramente atingidas por uma sucessão de derrotas militares, na Síria e no Iraque. Após a demolição do ;califado; proclamado por al-Baghdadi em 2016, em um território que se estendia entre os dois países, milhares de combatentes foram mortos ou capturados. Os remanescentes tiveram de se dispersar em células pequenas, de detecção mais difícil para as forças contraterroristas, mas com menor capacidade de ataque. De acordo com Hashemi e outros especialistas, como Ayman Jawad Tamimi, a queda do ;califado; teria sido seguida por contestações internas à conduta do comandante morto no fim de semana.

Max Abrtahms, da Northeastern University, de Boston (EUA), pondera, no entanto, que a definição do sucessor não terá, no EI, o mesmo impacto que teve a substituição de Osama bin Laden na rede Al-Qaeda. ;Pouco importa o nome;, afirma. ;No nível da tomada de decisões, das operações e do recrutamento, o EI sempre foi muito mais descentralizado que a Al-Qaeda.;