O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, em raro pronunciamento na TV na manhã de domingo, 27, que o líder do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, morreu em uma operação militar americana na região nordeste da Síria, neste fim de semana. Trump descreveu a operação "como um filme".
O presidente anunciou a morte do líder terrorista ao mesmo tempo em que os EUA retiram suas tropas da mesma região na Síria, onde davam apoio às forças curdas que combatiam o Estado Islâmico. "Na noite passada, os EUA levaram o terrorista número um do mundo à Justiça", disse Trump no pronunciamento feito da Casa Branca. "Abu Bakr al-Baghdadi está morto."
Em seu pronunciamento, Trump afirmou que Baghdadi detonou um colete com explosivos - além dele, morreram três filhos do líder jihadista. A explosão ocorreu após agentes especiais americanos o encurralarem em um túnel sem saída na Província de Idlib, na Síria, um território fortemente militarizado e controlado por múltiplas nações e forças. "Ele era um homem doente e depravado e agora ele se foi", disse Trump. "Ele morreu como um cachorro, como um covarde."
"Seu corpo ficou mutilado pela explosão. O túnel ainda desabou sobre ele. Mas os resultados de testes deram certeza imediata e identificação totalmente positiva. Era ele", disse o presidente dos EUA. "O bandido que tentou tanto intimidar outros passou seus últimos momentos com medo absoluto, totalmente em pânico e desesperado, aterrorizado pelas forças americanas que lhe atacavam", afirmou Trump, acrescentando que nenhum oficial americano morreu durante a ação e 11 crianças foram retiradas do local.
A informação da morte do líder do EI já havia sido divulgada pelos canais CNN e ABC, citando altos funcionários do governo como fontes. No Twitter, na madrugada, Trump anunciou, sem dar mais detalhes, que "alguma coisa muito grande" havia acabado de acontecer. No domingo pela manhã, ele agradeceu Rússia, Turquia, Síria e Iraque pelo apoio na operação.
A morte de Al-Baghdadi é um marco na luta contra o EI, que brutalizou regiões da Síria e do Iraque e tentou conduzir uma campanha global terrorista de seu autoproclamado "califado". Nos últimos anos, uma campanha envolvendo americanos, russos e forças aliadas levou à recuperação de territórios que estavam sob poder do grupo.
A operação marca também um sucesso significativo para a política externa de Trump, que enfrenta os menores índices de aprovação ao seu governo e um procedimento de impeachment no Congresso. O presidente dos EUA também foi muito criticado, incluindo republicanos, por retirar tropas americanas do nordeste da Síria, onde combatiam o EI ao lado das forças curdas. A medida permitiu uma incursão da Turquia contra os curdos.No domingo ele disse que sua decisão de retirar tropas não teve relação com a operação.
Planejamento
Mais tarde, ao falar com jornalistas por 45 minutos, Trump afirmou que a operação foi planejada por duas semanas após os EUA conseguirem obter dados de inteligência sobre a localização de Al-Baghadi. Helicópteros militares voaram sobre territórios controlados por forças russas - com autorização prévia de Moscou - e sírias e pousaram no local, onde foram recebidos com muitos tiros.
A Casa Branca divulgou uma foto de Trump cercado por altos funcionários de segurança e defesa, além do vice, Mike Pence, na Sala de Crise, monitorando a operação contra Al-Baghadi, muito semelhante à imagem do ex-presidente Barack Obama assistindo à operação que resultou na morte do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, em 2011. De acordo com o New York Times, Trump sugeriu que matar Al-Baghdadi foi um feito maior do que assassinar Bin Laden.
O conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Robert O'Brien, afirmou que os restos mortais de Al-Baghdadi serão tratados de acordo com a lei islâmica e sepultados no mar, assim como foi feito com o corpo ex-líder da Al-Qaeda.
A descoberta da localização de Al-Baghdadi foi possível após a prisão e interrogatório de uma das mulheres dele e de um mensageiro, segundo duas fontes do governo americano.
Congresso
A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, pediu que a Casa Branca notifique oficialmente aos congressistas sobre a morte de Al-Baghdadi, ressaltando que Trump preferiu informar primeiro aos russos do que à liderança política no Congresso. Trump disse que não avisou o Congresso sobre a operação porque queria ter certeza de que ela "seria mantida em segredo". (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.