O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou neste sábado, que pediu a todos os ministros do governo que ponham seus cargos à disposição. Em discurso em frente ao Palácio La Moneda, sede do governo chileno, com transmissão ao vivo por sua conta oficial do Twitter, Piñera disse que quer "estruturar um novo gabinete para enfrentar as novas demandas e os novos tempos."
Ontem, mais de 1 milhão de pessoas protestaram no Chile para pedir melhorias sociais no país. Foi o oitavo dia de manifestações contra o governo de Piñera. O estopim para as marchas foi um aumento no preço da tarifa do metrô, já revogado pelo presidente, mas as bandeiras evoluíram para reivindicações de melhores salários e aposentadorias, além de mudanças nos sistemas educacional e de saúde.
No discurso deste sábado, Piñera voltou a mencionar o pacote de medidas anunciado na última terça-feira(22), que ele próprio batizou de "profunda e exigente agenda social", e fez um apelo ao Congresso chileno para que aprove as propostas. "Durante a última semana, os chilenos têm vivido tempos de brutal e destrutiva violência, mas também temos escutado a profunda mensagem da cidadania, das chilenas e dos chilenos, exigindo uma sociedade mais justa e mais solidária", disse o presidente chileno.
As medidas sociais já anunciadas pelo governo federal do Chile incluem aumentos no valor das aposentadorias e do salário mínimo, uma "estabilização" do preço da energia elétrica, a redução do preço de medicamentos, maiores impostos aos mais riscos, além de diminuição dos salários de políticos e de altos cargos da administração pública.
Ainda no pronunciamento, feito há pouco, Piñera afirmou que "se as condições permitirem", a intenção do governo é retirar todos os estados de emergência a partir de amanhã (27). Mais cedo, o Departamento de Defesa Nacional do Chile havia informado a suspensão do toque de recolher na capital, Santiago, e nas cidades de Valparaíso, Concepción e La Serena. A medida estava em vigor desde 19 de outubro.
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