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O consumo excessivo de sal pode contribuir para o comprometimento cognitivo, segundo um estudo americano divulgado na edição desta semana da revista Nature. Na pesquisa, os especialistas observaram deficits cognitivos em ratos que foram alimentados com altas quantidades de sódio. Os cientistas constataram o acúmulo, no cérebro das cobaias, de uma proteína chamada tau, associada à ocorrência do Alzheimer em humanos.
;Esse estudo é mais uma revelação importante dos efeitos no cérebro de uma dieta rica em sal;, ressalta, em comunicado, Jim Koenig, diretor do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame (NINDS, em inglês), nos Estados Unidos, e um dos autores da pesquisa.
Em um trabalho anterior, a mesma equipe mostrou que camundongos que ingeriam uma dieta rica em sódio começaram a mostrar sintomas de demência devido a alterações iniciadas no intestino. A dieta também produziu queda no fluxo sanguíneo em direção ao cérebro, o que levou os cientistas a acreditarem que esse problema seria o responsável pelos sintomas de demência. No entanto, seguindo os estudos, descobriram que o acúmulo da proteína tau era a causa dos danos. ;Esse resultado foi completamente inesperado;, conta Jim Koenig.
Em uma etapa seguinte, os pesquisadores obtiveram dados que reforçaram a importância de tau em relação aos efeitos cognitivos. Eles eliminaram o gene responsável pela produção da proteína e observaram que, ao comer sal em excesso, os camundongos sofreram queda semelhante no fluxo sanguíneo cerebral. No entanto, como não conseguiam produzir tau, os agregados da proteína não se formaram no cérebro dos animais e também não houve diminuição das habilidades cognitivas.
Anticorpo
Resultados semelhantes também foram observados quando os cientistas utilizaram, em cobaias, um anticorpo contra tau. ;A mensagem para levar para casa aqui é que, embora haja uma redução no fluxo sanguíneo no cérebro de camundongos que seguem uma dieta rica em sal, é realmente a tau que está causando a perda de habilidades cognitivas. O efeito da redução do fluxo é realmente irrelevante nesse cenário;, frisa Costantino Iadecola, pesquisador do NINDS.
Embora os cientistas ressaltem que a quantidade de sal consumida pelos ratos foi de oito a 16 vezes maior que o normal, mais do que uma pessoa consumiria em um único dia, as descobertas fornecem importantes ligações entre a dieta, os vasos sanguíneos do cérebro e a cognição. ;Nossos resultados destacam a importância de pensar além do fluxo sanguíneo ao tratar distúrbios que afetam os vasos sanguíneos do cérebro;, ressalta Costantino Iadecola. ;Esse trabalho em ratos revela um novo alvo para terapias voltadas para a disfunção dos vasos sanguíneos cerebrais;, complementa.