Lisboa, Portugal - O socialista Antônio Costa, 58, premier de Portugal, no poder graças a uma aliança com a extrema esquerda, lidera com ampla margem as eleições legislativas deste domingo (6) em Portugal.
Apontado como favorito nas pesquisas, o ex-prefeito de Lisboa teria conquistado entre 100 e 117 assentos, o que corresponde a entre 34 e 40% dos votos, segundo as projeções da televisão pública RTP e das privadas SIC e TVI, enquanto a maioria absoluta no Parlamento é de 116 assentos.
O Partido Social Democrata (PSD, centro-direita) aparece em segundo, com entre 68 e 82 assentos (24 a 31% dos votos), segundo as projeções.
Se o ex-prefeito de Lisboa, de origem indígena, for reconduzido ao cargo, confirmará-se que o país é um dos únicos casos na Europa em que os socialistas governam e onde a extrema direita não ganha espaço.
As últimas pesquisas, divulgadas na sexta-feira, deram a Costa de 36% a 39% das intenções de voto, e de 25% a 30% para o PSD, do ex-prefeito do Porto Rui Rio, 62.
Após anos de cortes econômicos aplicados em troca de um resgate internacional acertado com Portugal em 2011, em plena crise da dívida, a economia do país está muito melhor.
Portugal, duramente afetado pela crise da dívida, recebeu um resgate de 78 bilhões de euros (2011-2014) de Bruxelas e do FMI em troca de um plano drástico de austeridade, reformas e privatizações.
Sem os cortes implementados pela direita, Costa e seu ministro das Finanças, Mario Centeno, chefe do Eurogrupo desde o final de 2017, definiram como prioridade o restabelecimento do poder aquisitivo.
- Crescimento forte, déficit em baixa -
O país registra agora seu melhor crescimento desde 2000 (3,5% em 2017 e 2,4% em 2018), enquanto o desemprego caiu para níveis pré-crise (6,4% em julho) e o déficit público será reduzido para 0,2% este ano.
"Saímos de um período muito difícil. Certamente respiramos melhor agora", declarou a professora universitária Ana Maria Varela, 65, após votar "pela esquerda" em Lisboa.
A estratégia do socialista de acelerar o fim de medidas de austeridade aproveitando a situação favorável para continuar reduzindo o déficit foi seu melhor argumento eleitoral.
"Comigo, os portugueses sabem que não haverá nem radicalismos, nem volta atrás", declarou Costa na sexta-feira. "Cada voto conta, e é necessário um PS forte para garantir mais quatro anos de estabilidade", afirmou, em seu último dia de campanha.
Rui Rio parece ter aceito a derrota. "Seria agradável poder dizer que estou quase certo da vitória, mas não é o caso", disse na sexta-feira o líder da oposição de direita. Nestas últimas semanas, no entanto, ele conseguiu reduzir a vantagem de Costa nas pesquisas.
Segundo Frederico Santi, analista do gabinete Eurasia Group, "o resultado mais provável é um governo minoritário do PS com o apoio de partidos da esquerda radical, ou, em uma hipótese menos provável, com o PAN".